Sapo-corroboree: uma espécie muito interessante
Escrito e verificado por a bióloga Paloma de los Milagros
O sapo-corroboree é um anfíbio icônico na Austrália, pois o seu padrão corporal colorido, a sua venenosidade e o declive progressivo da sua população o converteram em objeto de pesquisa. Além disso, ele é alvo de planos de preservação nacional para evitar a sua extinção.
Dependendo da região habitada, o sapo-corroboree apresenta diferentes ‘designs’ no que diz respeito à combinação das suas cores. Assim, enquanto o sapo-corroboree do Norte tem uma tonalidade de base preta com listras amarelas, o do Sul, de maneira inversa, é amarelo com linhas pretas.
A distribuição geográfica do sapo-corroboree do Norte compreende os territórios de Nova Gales do Sul e do denominado Território da Capital australiana dentro do Parque Nacional Kosciuszko, a Floresta Estadual Bondo, a Floresta Estadual Micalong, a Floresta Estadual Wee Jasper, o Parque Nacional Namadgi, o Parque Nacional Brindabella e a Reserva Natural de Bimberi.
Já o sapo-corroboree do Sul limita-se à região de Snowy Mountains, em Nova Gales do Sul.
Características físicas e comportamentais
Apesar do seu tamanho, menor do que três centímetros, a sua pigmentação chamativa indica a secreção de um alcaloide altamente venenoso para os seus predadores. O sapo-corroboree se alimenta de pequenos invertebrados, sobretudo formigas pretas.
Normalmente, localizam-se em pântanos estacionais e em sua vegetação circundante em diferentes regiões dos Alpes australianos.
No inverno, permanecem inativos sob os troncos ou entre o substrato da floresta. São mais dinâmicos no resto do ano, apesar de, diferentemente de outros anfíbios, caminharem em vez de pular.
Fonte: https://www.zoo.org.au / Damian Goodall
A reprodução começa com a chegada do verão. Nesses meses, os machos dedicam-se à construção de ninhos sobre o musgo ou na vegetação próxima ao meio aquático. Uma vez acondicionados, emitem uma série de vocalizações destinadas ao cortejo das fêmeas e ao posterior acasalamento.
A posta de ovas pela fêmea é relativamente baixa, comparada com a de outras rãs, numa faixa entre 15 e 40 unidades. Não obstante, ao longo da estação reprodutiva, cada macho pode reproduzir com diferentes fêmeas, inclusive no mesmo ninho.
Os embriões desenvolvem-se até atingir o denominado estado de diapausa, no qual detêm o seu crescimento até as chuvas outonais estimularem a eclosão.
Posteriormente, os girinos dirigem-se à fonte de água mais próxima para nadar e se alimentar de forma autônoma. Com a chegada do verão seguinte, terá vez a metamorfose que lhes permitirá atingir a sua aparência adulta.
Ameaças e conservação do sapo-corroboree
De acordo com o que informa o Departamento de Meio Ambiente e Energia do Governo Australiano, o declive da população dos dois tipos dessa rã aumentou progressivamente a partir de 1980.
O principal responsável por esse descenso é o fungo conhecido como quitrídio de anfíbios, o Batrachochytrium dendrobatidis.
Esse fungo, causador da doença mortal quitridiomicose, além de prejudicar a rã australiana, tem acabado com grande parte da diversidade de anfíbios no continente americano.
Na Austrália, a propagação desse patógeno é potencializada pela presença da rã oriental comum, a Crinia signifera. Essa espécie age como reservatório do fungo, e pode apresentar altos níveis de infecção sem desenvolver a doença, o que estimula a transmissão a outras espécies.
Outra ameaça é a mudança climática, que provoca estiagens severas e a degradação geral do habitat desses animais. A escassez de água favorece a morte desse anfíbio, pois os ovos e girinos dependem diretamente dela.
Atualmente, a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) considera que os sapos-corroboree do Norte e do Sul encontram-se em risco de extinção.
Por esse motivo, o governo australiano desenvolveu uma série de planos nacionais para a conservação dessa espécie de rã, além de criar um grande número de reservas e parques naturais.
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