Tudo o que você precisa saber sobre a sanguessuga Tyrannobdella rex

A sanguessuga Tyrannobdella rex é um helminto pertencente à família das sanguessugas que parasita os seres humanos. Seu corpo cilíndrico atinge um comprimento de 3 a 5 centímetros, mas a poderosa mandíbula que apresenta é a sua característica mais marcante.

O que são as sanguessugas?

As sanguessugas ou hirudíneos são invertebrados de aparência viscosa que pertencem ao filo dos anelídeos e à subclasse Hirudinea. Seu corpo se divide em um total de 34 segmentos e é composto por ventosas.

Através das ventosas, elas podem aderir ao corpo de outros animais, dos quais extraem o sangue. Com isso, há a introdução das diferentes enzimas e compostos que fazem parte da saliva da sanguessuga.

Alguns compostos da saliva das sanguessugas têm diferentes funções. Por exemplo, a hirudina é um anticoagulante, que permite a dissolução dos coágulos presentes nos vasos sanguíneos.

Que tipo de sanguessuga é a Tyrannobdella rex? 

A descoberta desse tipo de sanguessuga aconteceu em 2007, de uma maneira realmente curiosa. Ela foi encontrada dentro do nariz de uma menina no Peru. Sua descoberta permitiu que fosse designado um novo gênero e uma nova espécie.

Ao contrário de outras sanguessugas descritas anteriormente, esse táxon é caracterizado por possuir uma única mandíbula com oito grandes dentes. Comparados ao tamanho reduzido da sanguessuga, os dentes desproporcionais que a caracterizam deram origem ao seu impressionante nome de Tyrannobdella rex.

Assim, a ventosa oral é a sua característica mais importante: tem um formato arredondado, como se fosse um disco. Nela estão os dentes, que são usados para a extração de sangue.

Os estudos filogenéticos derivados da análise dos genes nucleares e mitocondriais confirmaram que essa nova espécie pertence a um grupo maior e global de sanguessugas. Elas se alimentam das superfícies mucosas de mamíferos.

Características da Tyrannobdella rex

Os hirudíneos ou sanguessugas podem ter dietas variadas, dependendo da espécie a que pertencem. A maioria é predadora e se alimenta de pequenos vermes, gastrópodes, crustáceos ou outros animais.

A Tyrannobdella rex faz parte do pequeno grupo dos hematófagos. Como consequência, esse ectoparasita se liga a diferentes espécies e permanece nelas.

Quanto à sua reprodução, as sanguessugas são hermafroditas. Ou seja, o mesmo indivíduo tem as gônadas de ambos os sexos, tanto ovários quanto testículos.

Habitat da Tyrannobdella rex 

A maioria das sanguessugas habita ambientes de água doce, embora algumas espécies possam ser encontradas em ambientes marinhos ou terrestres, e até mesmo em ambientes semiterrestres.

Mais especificamente, a Tyrannobdella rex vive em regiões tropicais com grande umidade, no alto Amazonas. Pode ser encontrada em rios, lagoas ou fontes naturais que as pessoas usam para nadar. É a primeira espécie encontrada na América do Sul.

Conhecimento clínico sobre a Tyrannobdella rex

Desde 1997, existem diferentes registros clínicos em que essa espécie aparece. Naquele ano, houve dois casos no Peru: um com um menino de 6 anos e outro com um adolescente de 16 anos. Duas sanguessugas diferentes de tamanhos distintos foram removidas.

Somente em 2007 foi relatada novamente a presença de uma sanguessuga na passagem nasal de uma menina de 9 anos. As três sanguessugas extraídas dos três pacientes foram mantidas em diferentes soluções salinas (em formalina ou em etanol).

Além disso, foi observado que essa espécie não faz distinções: parasita tanto animais aquáticos quanto terrestres e também humanos. Essa espécie foi encontrada em diferentes animais, desde uma vaca até uma anta.

Curiosidades

Conforme já foi mencionado, esse helminto era usado antigamente para um tratamento médico conhecido como sangria. A sanguessuga medicinal por excelência era a Hirudo medicinalis, nativa da Europa. O objetivo da sangria era purificar o sangue através da aplicação desses pequenos anelídeos.

Isso ocorria por causa da teoria dos quatro humores: sangue, fleuma, bílis amarela e bílis negra. Quando os quatro humores estavam em desequilíbrio no corpo, originava-se uma patologia humoral. Para curar a doença, era muito importante eliminar o sangue impuro. E, para que isso pudesse ser feito, as sanguessugas eram amplamente utilizadas.

Sua saliva contém uma série de enzimas e componentes que são transmitidos ao animal ao qual elas se aderem. Entre esses componentes, está um anestésico local que evita que a mordida seja dolorosa. Outros compostos são antimicrobianos ou agentes vasodilatadores. Estes últimos favorecem a dilatação dos vasos sanguíneos, facilitando, assim, a circulação sanguínea.

Em suma, as sanguessugas inspiram grande respeito, pois são um importante recurso médico usado ao longo da história. Atualmente, elas ainda são usadas ​​em uma técnica chamada hirudoterapia.