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A víbora-cornuda sobrevive aos mitos

4 minutos
A víbora-cornuda habita a Península Ibérica e o Norte da África. Apesar de sua má reputação, quando é detectada, opta por fugir e geralmente não ataca.
A víbora-cornuda sobrevive aos mitos
Luz Eduviges Thomas-Romero

Escrito e verificado por a bioquímica Luz Eduviges Thomas-Romero

Última atualização: 21 dezembro, 2022

A víbora-cornuda (Vípera latastei) é uma espécie típica de regiões de clima mediterrâneo. Assim, esse animal é encontrado na Península Ibérica e no Norte de África. Essa cobra deve seu nome a um apêndice em sua cabeça, o que lhe dá uma curiosa aparência de nariz arrebitado.

Essa espécie é de tamanho médio e, embora tímida, caso se sinta ameaçada, alarga-se para parecer maior. Caso o perigo persista, o animal não hesitará em atacar. Se você quiser saber mais sobre esse réptil mortal, mas fascinante, continue lendo.

Como reconhecer a víbora-cornuda?

A primeira coisa que chama a atenção nesse animal é sua cabeça de aspecto triangular e muito bem diferenciada do corpo. Ele tem, além de seu característico “nariz arrebitado”, olhos penetrantes com íris amarelas ou douradas. Lembre-se de que as víboras, ao contrário das cobras, têm pupilas verticais elípticas.

Quanto ao corpo, é relativamente grosso e a cauda é proporcionalmente curta. O comprimento total máximo registrado é de 73 centímetros, mas a maioria dos indivíduos varia entre 50 e 60 centímetros de comprimento total.

É importante ressaltar que a coloração é menos variável do que na maioria das outras cobras europeias. Assim, a tonalidade de fundo desse réptil varia do cinza escuro ao marrom. Na região dorsal da cabeça, ela frequentemente apresenta duas faixas escuras oblíquas, que podem se unir anteriormente, formando um V invertido.

Por fim, sobre o dorso, mostra um desenho típico ou padrão de manchas em zigue-zague. Comparado a outras espécies de cobras, o dimorfismo sexual é reduzido nessa víbora.

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O que esperar da picada de uma víbora-cornuda?

A picada desse viperídeo é relativamente grave. Embora a toxicidade do veneno da víbora-cornuda seja menor em comparação com outras víboras europeias, a quantidade de veneno inoculado durante a picada é substancialmente maior.

Em um estudo sobre a ocorrência de picadas de cobras em humanos na Espanha, um total de 125 casos de picadas foram diagnosticados entre os anos de 1965 e 1980A mortalidade anual causada por esse réptil é de três a sete pessoas, uma taxa muito baixa, mas nada desprezível.

Quais nichos ela prefere habitar?

É uma espécie típica de regiões com clima mediterrâneo do tipo úmido, subúmido ou semiárido. Prefere ocupar zonas rochosas secas cobertas por matagal, mas também florestas, encostas íngremes e paredões de pedra com alguma vegetação que separa os campos e as pastagens.

Ao longo do ano, as víboras são mais frequentemente encontradas em habitats florestais abertos com arbustos. No entanto, no verão elas se movem em direção às margens do rio e no inverno em áreas de floresta menos abertas.

Abundância da víbora

Em geral, tanto na Península Ibérica como no Norte de África, a víbora-cornuda apresenta uma distribuição descontínua, com núcleos populacionais dispersos e isolados de densidades moderadas ou baixas.

Entre os principais fatores que ameaçam as populações da víbora-cornuda estão os seguintes:

  • A alteração do habitat, seja por incêndios florestais, uso do solo para agricultura ou desenvolvimento urbano e construção de estradas.
  • Atropelamentos rodoviários.
  • Perseguição por aversão ou por considerá-la uma espécie nociva.

A víbora-cornuda sobrevive à perseguição e à ignorância

Desde tempos imemoriais, as cobras são perseguidas pelo homem devido à sua má reputação, por serem consideradas animais perigosos e repugnantesAlém disso, elas foram objeto de todos os tipos de fábulas e lendas falsas.

Por outro lado, são objeto de comércio ilegal induzido por colecionismo e superstição. Em Portugal, a víbora-cornuda é capturada e comercializada por motivos supersticiosos. Nesse sentido, suas cabeças são vendidas como amuletos. Além disso, há referências de que essa prática remonta à Idade Média.

Estratégias de defesa engenhosas

A principal estratégia antipredatória da víbora-cornuda é o mimetismo. Seu padrão de coloração acinzentado com faixa dorsal em zigue-zague auxilia nesse objetivo, o que proporciona um alto grau de camuflagem. Esse padrão é especialmente útil em áreas de brejos e matagal.

Por outro lado, seu comportamento tipicamente sedentário e muito discreto também contribui para que ela passe despercebida. Ao ser detectada, opta por fugir, mas se for capturada ou encurralada, emite assobios ameaçadores e morde com vigor.

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Como vimos, nem todo preconceito tem fundamento. As víboras, como outros animais, procuram sobreviver e só atacam quando não têm outra opção. Devemos superar esses medos injustificados, porque respeitar todos os seres vivos (por mais perigosos que pareçam) é essencial para preservar a biodiversidade do planeta.


Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.


  • Molero, J.A. (2010). EL BASILISCO EN LA TRADICIÓN POPULAR. Gibralfaro.Mitos y Leyendas. No 69: p16. http://www.gibralfaro.uma.es/leyendas/pag_1684.htm
  • Brito, J. C. A. R. (2011). Víbora hocicuda – Vipera latastei. En: Enciclopedia Virtual de los Vertebrados Españoles. Salvador, A., Marco, A. (Eds.). Museo Nacional de Ciencias Naturales, Madrid. https://digital.csic.es/bitstream/10261/109418/1/viplat_v6.pdf

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