Mutualismo: 15 exemplos de espécies que se beneficiam

Aves, mamíferos, insetos e répteis são alguns dos animais que praticam o mutualismo: uma relação mutuamente benéfica. Vamos aprender sobre isso com 15 exemplos!
Mutualismo: 15 exemplos de espécies que se beneficiam
Georgelin Espinoza Medina

Escrito e verificado por a bióloga Georgelin Espinoza Medina.

Última atualização: 26 março, 2024

Embora existam organismos solitários e com poucas interações com outros, a verdade é que nenhum consegue viver completamente isolado. Alguns ganham o prêmio da dependência e estabelecem conexões essenciais para a sobrevivência. Entre essas relações temos diversos exemplos de mutualismo: um vínculo do qual os parceiros aprenderam a se beneficiar.

Se você tem curiosidade em entender esse tipo de interação entre os seres vivos, explicaremos isso através de 15 exemplos interessantes. Vejamos primeiro sua definição e tipos, antes de entrar no assunto das espécies que praticam esse tipo de relação.

O que é mutualismo e quais são seus tipos?

O mutualismo é um tipo de interação entre indivíduos de espécies diferentes (interespecíficas), em que, como o próprio nome indica, se obtém um benefício mútuo – dupla relação positiva – e equivale a uma “troca” de recursos que um possui e o outro não. Existem dois tipos que explicamos a seguir:

  • Mutualismo facultativo: refere-se à interação não essencial, em que os envolvidos podem cortar a aliança em algum momento de suas vidas, sem afetar a sobrevivência e até mesmo estabelecer esses vínculos com outras espécies.
  • Mutualismo obrigatório: tem um relacionamento mais estável, duradouro e essencial para a vida dos parceiros.

Por outro lado, a relação mutualística também pode ser classificada com base no benefício que é trocado entre os parceiros:

  • Defensivo: quando envolve refúgio ou defesa.
  • Trófico: se fornece alimento ou algum nutriente.
  • Dispersivo: quando é necessário dispersar pólen ou sementes, no caso de plantas.

15 exemplos de mutualismo

Na natureza, temos exemplos abundantes de mutualismo, com seres vivos de diferentes tamanhos, comportamentos e grupos taxonômicos. Vamos ver 15 modelos na lista a seguir:

1. Coral e algas

Na biologia, um dos exemplos mais conhecidos de mutualismo é o vínculo mutuamente benéfico estabelecido entre recifes de coral e algas unicelulares chamadas zooxantelas (Symbiodinium). A partir dessa interação, os corais obtêm alimento para o seu desenvolvimento, uma vez que as algas produzem compostos fotossintéticos que os primeiros podem assimilar. São esses componentes que dão as cores aos recifes.

Da mesma forma, esses cnidários fornecem às algas outros nutrientes necessários ao seu metabolismo, como nitrogênio e fósforo. Essa relação é bastante antiga, datando de 240 milhões de anos.

Essa simbiose mutualística é crucial para a vida do coral. Na verdade, quando ocorre o fenômeno conhecido como “branqueamento” em que as zooxantelas abandonam o cnidário ele perde a cor, já que não possui os pigmentos das algas.

2. Peixe-palhaço e anêmona: exemplo de mutualismo no fundo do mar

O peixe-palhaço e as anémonas são um dos exemplos mais emblemáticos do mutualismo.
A anêmona protege o peixe-palhaço, ao mesmo tempo que elimina os parasitas de seu corpo. Crédito: wrangel/iStockphoto.

Esse caso é uma interação em que os parceiros obtêm um serviço muito útil para a vida um do outro. As anêmonas-do-mar são animais que produzem substâncias tóxicas às quais os peixes-palhaço (família Pomancetridae, subfamília Amphiprioninae) são imunes.

As anêmonas-do-mar são invertebrados cnidários, como corais e águas-vivas.

Os peixes-palhaço utilizam esses cnidários como abrigo, fonte de alimento e proteção contra predadores, abrigando-se entre seus tentáculos. Já as anêmonas se beneficiam da companhia, pois eliminam os parasitas presentes em seu corpo. Um exemplo típico de interação em que os protagonistas obtêm um serviço do parceiro.

3. Protozoário e cupim

Outro exemplo de mutualismo obrigatório é aquele entre microrganismos unicelulares que vivem dentro dos cupins e os ajudam a digerir a madeira que consomem. Em troca, oferecem-lhes um lar e comida. Em condições naturais, a sobrevivência desses organismos isolados uns dos outros seria impossível.

Uma espécie de cupim que pratica essa relação é a Reticulitermes flavipes .

4. Bovinos e bactérias ruminais

Um exemplo semelhante ao caso anterior ocorre entre os ruminantes, como bovinos, e as bactérias ruminais, que lhes permitem digerir a celulose e outros compostos vegetais consumidos. Sem essa interação, seria impossível para os bovinos assimilarem os nutrientes das plantas que fazem parte de sua dieta.

5. Peixe Myctoperca fusca e camarão Lysmata grabhami

O camarão Lysmata grabhami (Lysmatidae) realiza grandes tarefas no oceano limpando diversos tipos de peixes. Estima-se que existam 49 espécies agrupadas em 15 famílias taxonômicas às quais o crustáceo presta seus serviços. Entre eles temos os seguintes:

  • Muraenidae (moreias).
  • Holocentridae (peixes-esquilo).
  • Pomacentridae.

Um dos sortudos do serviço que o camarão presta é o Myctoperca fusca (Serranidae). É um peixe ósseo das Ilhas Canárias e do leste do Oceano Atlântico. Como o camarão se beneficia? Obtém alimento, pois sua dieta inclui parasitas e tecidos mortos.

6. Formiga cortadeira e fungo

As espécies de formigas neotropicais pertencentes ao gênero Atta cultivam um fungo da família Agaricaceae para a nutrição de toda a colônia. Uma das castas dessas formigas são responsáveis por essa importante tarefa, que realiza em câmaras subterrâneas especiais.

O substrato de cultivo é constituído por pedaços de folhas trituradas para que os micélios do fungo possam penetrar nos tecidos vegetais, nutrir-se e desenvolver-se.

Da mesma forma, essas formigas são responsáveis pela poda do fungo quando este cresce excessivamente. Dessa forma, as formigas proporcionam as condições adequadas para o desenvolvimento do fungo e serve de alimento para toda a colônia.

Atualmente, sabe-se que existe outro membro nessa relação mutualística. É uma bactéria do gênero Streptomyces que ajuda a prevenir o desenvolvimento de outros microrganismos parasitas na cultura, por meio da produção de compostos com propriedades antibióticas. Este é um exemplo da complexidade das interações dos seres vivos.

7. Acácia e formiga

A relação entre a formiga e a acácia é um dos exemplos de mutualismo na natureza.
A formiga se alimenta do néctar da acácia. Em troca, esse inseto protege a planta. Crédito: Alex Wild.

Muitas espécies de plantas empregam estratégias de defesa contra seus predadores e parasitas. Algumas produzem substâncias desagradáveis e outras utilizam mecanismos de dissuasão, como a associação com animais que ajudam a protegê-las. É o caso da acácia e das formigas do gênero Pseudomyrmex.

Essa planta atrai formigas com substâncias ricas em açúcares que servem de alimento.

Também desenvolve protuberâncias para larvas e filhotes recém-nascidos. Dessa forma, fornece os nutrientes necessários ao desenvolvimento da colônia, enquanto seus hospedeiros a protegem de seus inimigos.

8. Planta barbeira e formiga

Semelhante ao exemplo anterior de mutualismo, mas desta vez sem fornecimento de alimentos, temos a relação entre as plantas africanas do género Barberia e as formigas Pachysima aethiops. Essas hortaliças proporcionam abrigo adequado da chuva e da umidade, pois possuem caules ocos onde as formigas podem construir seus ninhos e viver.

Por sua vez, as formigas oferecem defesa. Assim, ao se depararem com qualquer inimigo, reagem mordendo e espalhando seu ácido fórmico. Essa interação mutualística é eficiente contra ataques de animais, como insetos e até mesmo grandes mamíferos herbívoros.

9. Beija-flor e visco

Numa parte da floresta temperada da Patagônia vive uma espécie de beija-flor (Sephanoides sephaonoides) que estabelece uma relação mutualística com a planta visco. O néctar produzido pelas flores do visco representa uma fonte de alimento para essa ave, sendo inclusive o único nutriente disponível durante o inverno.

o beija-flor dá sua contribuição por meio da polinização, permitindo, assim, a geração de populações de plantas nesse ambiente. Existem muitos outros exemplos desses tipos de interações. Na verdade, estima-se que 87,5% das angiospermas existentes sejam polinizadas pelos seguintes animais:

  • Pássaros
  • Insetos
  • Morcegos

10. Marsupial Dromiciops gliroides e visco

Detalhamos aqui a mesma espécie vegetal do modelo anterior, o visco, mas, no caso, temos outro protagonista: o marsupial Dromiciops gliroides. Esse mamífero mantém uma dieta predominantemente insetívora, mas, durante o inverno, consome grandes quantidades de frutos carnosos, como os do visco.

Com isso, o marsupial presta o serviço de dispersão das sementes e, assim, contribui para a persistência da planta. Essa relação é essencial para o visco, já que o mamífero representa o único animal que realiza essa tarefa.

11. Nenúfar e inseto

As plantas aquáticas de água doce da família Nymphaceae produzem flores aéreas que são polinizadas por diferentes insetos. Esses invertebrados os ajudam a realizar o intercâmbio genético entre as diversas populações distantes e separadas pela água.

Um dos exemplos de mutualismo desse tipo ocorre entre besouros que polinizam os nenúfares gigantes da Amazônia (Victoria amazonica).

12. Orquídea e mariposa: um dos exemplos de mutualismo entre animais e plantas

A mariposa e a orquídea mantêm uma relação que é um dos exemplos de mutualismo.
A mariposa Xanthophan morganipredicta bebe o néctar da orquídea Angraecum sesquipedale. Crédito: Minden Pictures/Superstock.

Neste caso, temos como protagonista uma orquídea de Madagascar com pétalas longas: a Angraecum sesquipedale. Como esperado, necessita de um polinizador com morfologia semelhante à dessa espécie.

Assim, o animal que pode realizar esse trabalho de polinização é a mariposa Xanthophan morganipredicta, que possui uma tromba longa, com cerca de 40 centímetros de comprimento.

13. Lagartixa e planta

Continuamos com os exemplos de mutualismo entre uma planta e um animal. Trata-se da relação entre a lagartixa Phelsuma cepediana e o arbusto trepador Roussea simplex, em “perigo crítico” de extinção. Ambos são endêmicos das Maurícias.

Apesar de ser um réptil, a lagartixa é o único organismo capaz não só de polinizar a planta, mas também de dispersar suas sementes. Essa relação é conhecida como “duplo mutualismo”.

14. Borboleta e formiga

Aqui temos um exemplo de interação entre dois animais do tipo inseto: borboletas e formigas. Estamos nos referindo especificamente a algumas espécies de lepidópteros da família Lycaenidae, que são cuidados e protegidos por formigas.

As formigas atraem os licenídeos com as secreções de larvas e pupas e em troca lhes oferecem proteção contra parasitoides e predadores. Estima-se que cerca de 70% das espécies dessa família de lepidópteros mantêm alguma relação com formigas. Porém, nem todas são mutualistas, pois o parasitismo também está presente.

15. Peixe-piloto e tubarão

A relação entre o peixe-piloto e o tubarão é um dos exemplos de mutualismo.
O tubarão recebe os serviços de limpeza do peixe-piloto, enquanto se alimenta de sua pele e tem sua proteção. Crédito: atese/iStockphoto.

Por fim, temos outro modelo popular entre os exemplos de mutualismo que não poderia ficar de fora da nossa lista, mas dessa vez trata-se de dois animais. Especificamente, dois peixes: o peixe-piloto (Naucrates ductor) e o tubarão.

Embora o piloto possa atingir cerca de 60 centímetros de comprimento, ele não tem medo do grande predador. Na verdade, ele presta um serviço de limpeza, enquanto se alimenta de parasitas da pele e restos de comida do tubarão. Da mesma forma, ele recebe proteção de seu cliente.

Mutualismo: uma relação muito importante e antiga

Como vimos com os exemplos de mutualismo, essa é uma relação de natureza generalizada. Uma interação também muito antiga, que tem sido fundamental na história da evolução, pois se pensa ter sido o ponto de partida de acontecimentos tão importantes como a origem da célula eucariótica.

Aproveitar uma característica de outra espécie, ao oferecer algo em troca, promove o crescimento e desenvolvimento de ambos os membros. Assim, esses tipos de relações são essenciais para a diversidade e o correto funcionamento dos ecossistemas. Há uma razão pela qual dizem que há força na unidade.


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