Abelha rainha: funções e comportamento na colmeia

Escrito e verificado por a psicóloga Sara González Juárez

Última atualização: 02 janeiro, 2024

A inteligência das abelhas vale mais em grupo do que individualmente, e a abelha rainha é o eixo central do funcionamento dessa mente coletiva. Suas funções são insubstituíveis e, se você tem curiosidade sobre esses insetos, certamente muitas delas vão surpreender você.

Como pilar fundamental da organização social desse superorganismo, a rainha hierarquiza, repovoa e orienta a colmeia. Vamos conhecer as ocupações fascinantes que ele tem e o que aconteceria se sua figura desaparecesse. Não perca nada, pois as surpresas o aguardam abaixo.

Quais são as funções da abelha rainha?

A abelha rainha é o único membro de sua casta, entre as 3 castas encontradas na colônia: rainha, zangões e operárias. Suas principais funções são as seguintes:

• Reprodução: é a única fêmea fértil do enxame, por isso é a mãe de todas as outras. Depois de um voo nupcial em que acasala com os zangões da colmeia, a rainha armazena o esperma numa cavidade chamada “espermateca”, que lhe permitirá pôr ovos fertilizados durante 3-5 anos. Os ovos não fertilizados – gerados por partenogênese – darão vida a novos zangões.
• A organização social: a rainha emite feromônios que afetam a química cerebral dos outros membros da colmeia. Com isso, ela consegue provocar a submissão, incitar um invasor a atacá-la. No entanto, os efeitos desses feromônios ainda estão em estudo, pois parecem variar de um contexto para outro e ainda é necessário um consenso científico.

Por que existe só uma rainha?

Os mencionados feromônios da rainha também têm um efeito adicional nas operárias: inibem sua capacidade reprodutiva. Na verdade, seu sistema reprodutivo não se desenvolve adequadamente. Dessa forma, a população da colmeia é controlada e a tarefa de reprodução recai diretamente sobre a rainha.

De fato, o único momento em que há mais de uma abelha rainha na colmeia é quando a rainha começa a desempenhar mal suas funções, seja por idade avançada, doença ou algum outro motivo. Nessa época, as operárias começam a criar células reais — de tamanho adequado ao de uma rainha adulta, que é maior — e também a alimentar várias larvas com geleia real para criar novas rainhas.

Quando o feromônio mandibular da rainha começa a diminuir, as abelhas sentem que ela não está em condições de realizar suas tarefas.

Como se decide quem é a abelha rainha?

Segundo artigo publicado na PLOS ONE, uma vez que a colônia tenha decidido que é hora de substituir a abelha rainha, as células reais são construídas e as larvas são alimentadas com geleia real, conforme discutido acima. Nessas células, as larvas se tornarão abelhas maiores, sem órgão de sucção e com abdômen mais alongado. Seu sistema visual é diferente, assim como seu microbioma gastrointestinal.

A geleia real tem a capacidade de alterar o DNA das larvas, transformando-as em espécimes férteis. Quando essas larvas atingem a fase adulta, elas lutam até a morte e a mais forte passa a cumprir as funções da abelha rainha. Caso ainda exista uma rainha, a mais jovem a expulsará e tomará o seu lugar.

E se não houver rainha?

Quando a abelha rainha morre antes que as operárias possam criar outras, as operárias, livres do feromônio que inibe sua capacidade reprodutiva, começam a botar ovos depois de um tempo.

Portanto, a colônia órfã se torna uma colônia de zangões, já que apenas machos nascerão desses ovos não fertilizados.

Em outras ocasiões, a colmeia abriga mais abelhas do que pode suportar. Nessas circunstâncias, a abelha rainha sai da colmeia com parte de suas operárias para construir uma nova colmeia em outro local. Essa não é uma colônia órfã, pois as operárias teriam tempo para criar uma nova geração de rainhas e não poriam ovos.

Quem cuida dela?

A abelha rainha recebe cuidados das operárias. De fato, ela nunca chega a provar o pólen ou a ver a luz do sol, exceto quando faz o voo nupcial ou parte para fundar outra colônia. Ela mora dentro da colmeia e as abelhas mais novas se encarregam de trazer comida, alimentá-la e protegê-la.

A abelha rainha dá ordens?

O termo “abelha rainha” parece indicar que essa figura dá ordens a seus súditos, como se fosse uma monarca humana. No entanto, o seu papel é reprodutivo e a única influência que exerce sobre as operárias é através de seus feromônios.

Essa influência se limita a “pedir” certas atenções, como comida, proteção ou limpeza (além de inibir as funções reprodutivas).

Isso a torna uma peça chave para a sobrevivência da colônia, mas não lhe dá capacidade de comando. As operárias trabalham incansavelmente para manter a colônia viva e reparar a colmeia por meio da divisão de papéis.

Em geral, a idade da abelha é o que determina suas funções: as mais jovens realizam tarefas dentro da colmeia, onde estão mais seguras, e as veteranas são as que se aventuram em busca de alimento. No entanto, a genética também influencia na organização das tarefas, como indica um estudo publicado na revista Trends in Genetics.

A abelha rainha pode ser substituída?

Em relação às suas funções, a resposta é não. Nenhuma abelha operária pode substituí-la, mesmo que comece a botar ovos. Lembre-se de que a abelha rainha tem um genótipo diferente, graças à geleia real com a qual foi alimentada em sua fase larval.

Por outro lado, não é possível substituí-la por uma rainha estrangeira. As operárias detectariam seu cheiro e a expulsariam da colônia, impedindo que permaneça ou “conquiste” a colmeia.

A única forma de substituir uma abelha rainha por outra que desempenhe suas funções é, como explicado nas linhas anteriores, as operárias criarem uma nova geração. Essa medida visa garantir que a colônia perdure.

Segredos por descobrir

Você sabia de todos esses fatos sobre a abelha rainha e suas funções? Esses himenópteros são uma daquelas espécies que, quanto mais se conhece, mais questões levanta. Quais mais segredos seremos capazes de desvendar?