Ararinha-azul: o pássaro do filme Rio não está extinto
Escrito e verificado por o veterinário Eugenio Fernández Suárez
Recentemente, diversos sites passaram a publicar a notícia de que o pássaro do filme Rio está extinto. A verdade é que, embora a sua situação seja hoje extremamente frágil, a ararinha-azul ainda não desapareceu completamente.
A ararinha-azul está extinta de fato?
Declarar uma espécie extinta é grave e, acima de tudo, difícil. Quanto menos indivíduos permanecem de uma espécie, mais difícil é vê-los para verificar e certificar a extinção.
Este é o caso do pássaro no filme Rio, a ararinha-azul, também conhecida como arara azul de spix e arara celeste.
A última área conhecida de distribuição da ararinha-azul está no norte do estado da Bahia, no Brasil, onde em meados da década de 1980 existiam pelo menos três exemplares, que foram capturados no final desta década para serem vendidos como animais de estimação.
Curiosamente, no início dos anos 90, uma arara celeste macho foi avistada ao ar livre, mas este já se encontrava em um relacionamento com uma fêmea de outra espécie: o Maracanã-verdadeiro.
Sabe-se que este macho sobreviveu até o final do ano 2000. A partir daí, não há registros confiáveis de avistamentos desta ave, apesar do trabalho de cientistas da área.
No entanto, um avistamento desencadeou o alarme em 2016, embora o animal não tenha sido localizado novamente.
Agora, um grupo de cientistas analisou as ameaças, os padrões que as populações dessa espécie possuíam e as últimas vezes que foram encontradas.
Estes pesquisadores sugeriram que o animal estaria extinto na natureza, por isso é recomendado que seja declarado como tal.
Entretanto, a ararinha-azul ainda é classificada como uma espécie criticamente ameaçada de extinção. A nova classificação declararia que a espécie desapareceu na natureza, o que não significa que esteja extinta. Ainda existem exemplares em cativeiro adequados para a reintrodução.
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Por que tantos espécimes da Ararinha-azul desapareceram?
Embora ainda exista em nosso planeta, é verdade que a arara-azul do Spix (Cyanopsitta spixii) praticamente desapareceu da face da Terra.
A verdade é que, antes mesmo de sua descoberta, no começo do século 19, a espécie já estava muito ameaçada pelo desmatamento.
Acredita-se que, pelo menos desde o início do século 20, esse habitat não poderia conter mais de 60 espécimes, devido à fragmentação do ecossistema e a várias espécies invasoras, como por exemplo ratos ou gatos.
A exploração do seu ecossistema fez com que as araras celeste abandonassem seus antigos territórios. Além disso, houve uma onda de capturas ilegais feitas nos anos 70 e 80.
Além disso, esses animais estão ligados a árvores como a caraíba, que crescem muito lentamente.
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É possível que essa espécie volte a viver em liberdade?
Mas nem toda a esperança está perdida, porque sabemos que desde a década de 1980 esta espécie está ameaçada. Em 1987, um encontro internacional foi realizado em um zoológico na Espanha conhecido como Loro Parque.
O evento contou com a presença de aves desta espécie, bem como de outras também ameaçadas de extinção.
Em 1990, foi organizada uma comissão para a recuperação desta espécie, para a qual foram utilizados 15 exemplares que estavam vivendo em cativeiro.
A Fundação Loro Parque financiou programas de conservação para as espécies e cedeu todos os espécimes ao projeto de reintrodução.
Hoje, existem mais de 100 exemplares da ararinha-azul em cativeiro. Alguns deles em centros de conservação da espécie e alguns em zoológicos, graças ao trabalho de veterinários, biólogos e outros profissionais.
Muitos desses animais estão aptos a retornar ao seu habitat natural. Por isso, há apenas alguns meses foi assinado um acordo pelo qual 50 dessas aves serão enviadas para o Brasil.
Está previsto que em 2022 começará o projeto de reintrodução. Assim a ararinha-azul poderá retornar às matas que circundam os rios brasileiros.
Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.