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Calhandra: preservação da espécie

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A calhandra-de-dupont tem sofrido uma redução da sua população na ordem de 4% anuais durante os últimos 10 anos, pelo menos. Isso a tornou uma espécie de atenção prioritária.
Calhandra: preservação da espécie
Luz Eduviges Thomas-Romero

Escrito e verificado por a bioquímica Luz Eduviges Thomas-Romero

Última atualização: 27 dezembro, 2022

A calhandra é uma das 26 espécies de aves das estepes ibéricas. Esse grupo se caracteriza por fazer os seus ninhos no solo, pelo seu deslocamento tipicamente terrestre e por possuir uma coloração críptica, muito semelhante ao seu entorno.

Um caso emblemático é o da calhandra-de-dupont (Chersophilus duponti): toda a sua população europeia está na Espanha.

Autores célebres como Chaucer e Shakespeare deram destaque a essa pequena ave na literatura – em parte devido ao seu canto matutino –fazendo com que ela simbolizasse o amanhecer nas suas obras.

Neste artigo, conheceremos um pouco sobre a vida e os perigos enfrentados por essa pequena ave canora.

Características da calhandra

A calhandra-de-dupont faz parte da família das Alaudidae, pertencentes, por sua vez, aos passeriformes, ou aves canoras. Elas são de tamanho pequeno, por volta de 11 centímetros, o que, junto com sua plumagem pardacenta, a ajuda a passar despercebida.

De fato, a sua camuflagem é tão eficaz, que entre os observadores de aves ela é conhecida como o ‘fantasma do páramo’. A calhandra prefere os espaços abertos, as grandes planícies, os entornos áridos e semiáridos.

Na Espanha, é encontrada principalmente no páramo de Layna e no vale do Ebro, mas também no Rincón de Ademuz e onde houver abundância de alecrim (Rosmarinus officinalis).

Canto

A calhandra é uma ave canora matutina, que concentra o seu canto na primeira hora do alvorecer. O seu trino é muito melodioso e é realizado com grande veemência.

A variada vocalização inclui chamadas de alerta e de estresse, porém os mais utilizados para a sua detecção são os cantos territoriais.

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Os machos cantam durante o voo, e assim defendem os seus territórios e atraem os seus pares. Embora haja registros de canto de espécimes fêmeas em outras espécies de calhandra, no caso da calhandra-de-dupont não há evidências a esse respeito.

Alimentação da calhandra

Essa pequena ave é onívora e se alimenta quando está no solo. O seu alimento predileto são os insetos, dos quais come uma ampla variedade. Também come sementes, pastos, folhas, brotos, frutas e flores.

Ninho e biologia reprodutiva

Como foi comentado anteriormente, a calhandra-de-dupont constrói o seu ninho no solo. Elas localizam os ninhos de modo que fiquem resguardados por um matagal, pastos altos, montículos de terra ou pedras.

Com relação ao número de ovos, sabe-se que a calhanda põe de três a cinco unidades por vez, e que eles são incubados exclusivamente pela fêmea. Ainda que as informações sobre a incubação sejam limitadas, estima-se que dura 12 dias. Os filhotes abandonam o ninho após um período de oito dias.

A temporada de reprodução da espécie estende-se desde o fim de março até o princípio de julho. 

É interessante saber que, para essa espécie, entre 46% e 84% dos ninhos são atacados por predadores.

A calhandra está correndo risco de extinção

A espécie tem sofrido uma redução da população na ordem de 4% anuais durante os últimos 10 anos, pelo menos. Por isso, é uma espécie de atenção prioritária.

Na Espanha, a calhandra está classificada como espécie em perigo de extinção no Livro Vermelho das Aves da Espanha. Os critérios utilizados para a classificação incluem o tamanho da população e a superfície de sua distribuição.

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Assim, a classificação da calhandra-de-dupont deve-se ao fato de que a superfície da sua área de ocupação é inferior a 500 km2. Além disso, a sua população encontra-se muito fragmentada, pois a maior parte dos exemplares está distribuída em apenas 14 localidades.

Adicionalmente, está classificada como espécie vulnerável no Catálogo Espanhol de Espécies Ameaçadas. A nível europeu, está incluída no Anexo I das Diretrizes Aves (Dir. 79/409/CEE) como espécie sujeita a medidas de preservação.

Causas que tornam a calhandra vulnerável

Os especialistas consideram que o grupo de aves das estepes é o grupo mais ameaçado da Europa, e corre o maior risco de desaparecer nas próximas décadas. Entre elas, a calhandra-de-dupont é a ave que está sofrendo o maior declive na Espanha.

É imprescindível apontar como condição desfavorável a mudança climática. Outras causas de igual peso são, sem dúvida, a escassez de alimentos e a perda do habitat.

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A calhandra depende de regiões abertas, secas e cálidas com vegetação baixa e desigual. Tais nichos estão cada vez menos presentes nas paisagens da Europa Central.

A atividade humana, através da intensificação agrícola, tem modificado os habitats da calhandra-de-dupont em toda a Europa. Como consequência, a estepe tem sofrido com a deterioração e diminuição da sua área.

A intensa redução das populações da calhandra-de-dupont acionou o alarme sobre a necessidade urgente de elaborar uma estratégia de preservação a nível nacional. A estratégia inclui medidas para proteger as populações e garantir a sua viabilidade a longo prazo.

A estratégia de preservação da calhandra-de-dupont inclui proteger as regiões habitadas por essa espécie, evitar novos impactos nestas áreas e gerenciar o seu habitat.

Além disso, considera-se fundamental a implementação de um programa de monitoramento baseado em métodos efetivos de censo da população.

Gestão do habitat, uma obrigação inadiável

Os especialistas vêm considerando o dever de proteger, na medida do possível, uma serie de manchas de habitat potencial que possam funcionar como corredores naturais entre as populações remanescentes e permitir que sejam realizadas ações de recolonização.

Os pesquisadores estimam que 200 hectares é a extensão mínima desejável para as manchas de habitat que acolhem as populações de calhandra-de-dupont.

Recentemente, a situação dessa ave em risco de extinção foi favorecida por um programa de pesquisa e preservação da espécie por parte do governo espanhol.


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