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Caranguejo-dos-coqueiros: habitat e características

6 minutos
O caranguejo-dos-coqueiros é o maior artrópode terrestre do mundo. Não tem predadores naturais, mas está em risco por causa das ações humanas. Conheça essa espécie junto com a gente!
Caranguejo-dos-coqueiros: habitat e características
Samuel Sanchez

Escrito e verificado por o biólogo Samuel Sanchez

Última atualização: 21 dezembro, 2022

O caranguejo-dos-coqueiros (Birgus latro), também chamado de “caranguejo-ladrão”, “ladrão-de-coco” ou robber crab em inglês, é um crustáceo terrestre que habita o sudoeste dos oceanos Pacífico e Índico. Esse invertebrado se destaca entre os demais pelo seu tamanho, pois é o maior artrópode terrestre do mundo e atinge até 1 metro de diâmetro se as patas forem levadas em consideração.

Esse crustáceo é a única referência do seu gênero, portanto é um animal que deve ser conservado a todo custo. Infelizmente, a espécie está em um estado vulnerável, visto que é consumida como iguaria em muitas regiões tropicais. Se você quiser saber mais sobre o caranguejo-dos-coqueiros, continue essa leitura com a gente.

Habitat do caranguejo-dos-coqueiros

O caranguejo-dos-coqueiros (Birgus latro) é um artrópode pertencente à ordem Decapoda e à classe Crustacea. Por sua vez, é um ermitão, pois faz parte da superfamília Paguroidea, cujos membros, compostos por mais de 800 espécies, são moluscos que apresentam abdômen assimétrico, geralmente coberto por uma concha ou outro tipo de proteção externa.

Por sua vez, Birgus latro é o único representante de seu gênero (Birgus) e habita regiões terrestres do Oceano Índico e do Oceano Pacífico central. Algumas evidências indicam que esse crustáceo já viveu na Austrália, em Madagascar, nas Ilhas Marquesas e na Índia, entre outras regiões, mas está localmente extinto nelas.

Em seu limite ocidental, essa espécie se restringe a Zanzibar e Tanzânia, enquanto o limite sul é marcado pelos trópicos de Capricórnio e Câncer. Curiosamente, sua extensão de distribuição depende em grande parte da localização de coqueiros (Cocos nucifera), árvores com as quais esses caranguejos têm uma ligação estrita.

 

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Características físicas

Conforme indicado pela organização Animal Diversity, o caranguejo-dos-coqueiros é o maior artrópode terrestre do mundo, com um corpo de 20 centímetros de largura e 1 metro de comprimento de pata a pata. Além de seu impressionante tamanho, ele também pesa cerca de 4,5 quilos, devido ao seu exoesqueleto espesso e pesado.

Como são pertencentes à ordem Decapoda, todos os caranguejo-dos-coqueiros têm 10 patas. O primeiro par se destaca dos demais por apresentar estruturas em forma de pinça (quelas), sendo a esquerda maior que a direita. Essa espécie usa suas fortes pinças para cortar e acessar a matéria orgânica de que se alimenta.

Os espécimes jovens protegem o abdômen com as carapaças de outros invertebrados, enquanto os adultos já têm seu abdômen endurecido por placas tergais e não precisam de estruturas externas. Por outro lado, as regiões mais frágeis da região abdominal são protegidas por uma pele coriácea, que por sua vez apresenta tufos de pequenas cerdas.

É importante ressaltar que, por não ter a constrição de uma concha abdominal externa, esse crustáceo pôde crescer até atingir as impressionantes dimensões que observamos hoje em dia. Sua coloração é predominantemente azulada, com tonalidades vermelhas ou roxas, dependendo da população em questão.

As extremidades locomotoras dessa espécie possuem dáctilos muito especiais, que lhe permitem escalar a superfície dos coqueiros.

Caráter e comportamento

Os caranguejo-dos-coqueiros são animais eminentemente terrestres. Eles têm guelras vestigiais de seus ancestrais aquáticos, mas desenvolveram pulmões que lhes permitem obter oxigênio do meio ambiente. Estes estão localizados na região torácica e são muito bem vascularizados. Portanto, esses animais não precisam se aventurar no mar em nenhum momento.

Esses invertebrados são noturnos na maior parte do tempo, mas podem ser vistos ativos durante o dia em regiões onde não há humanos. Eles usam suas extremidades para escalar coqueiros de até 2 metros, por isso é comum vê-los “grudados” em suas cascas. Os espécimes que vivem em grandes ilhas são nômades, enquanto os habitantes de pequenas áreas permanecem fiéis às suas tocas.

Os caranguejo-dos-coqueiros se afogam se permanecerem submersos na água por mais de uma hora.

 

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As tocas dos caranguejo-dos-coqueiros

Essa espécie é bastante solitária, pois os espécimes adultos vivem isolados em tocas ou buracos que encontram em rochas. Durante o dia, esses invertebrados ficam frescos em casa, para evitar o risco de desidratação consequente da exposição constante ao sol. Esses abrigos são cavados em substrato arenoso e podem ter até 1 metro de profundidade.

As tocas desses invertebrados são especialmente importantes na hora da muda. Durante esse período, os caranguejos se isolam por 3 a 16 semanas no subsolo, para “trocar” seu exoesqueleto. Depois de se livrar do antigo exoesqueleto, eles ficam extremamente delicados, pois o novo leva um tempo para endurecer totalmente.

Alimentação

Apesar do nome comum, essa espécie não se alimenta apenas dos frutos dos coqueiros. Sua dieta se baseia principalmente em frutas tropicais carnudas, nozes, carne morta de outros animais, carcaças de outros de sua espécie e cocos esporadicamente. As impressionantes quelas desse crustáceo permitem que ele quebre muitas superfícies para ter acesso ao seu alimento, visto que exercem uma força de 3300 Newtons.

Além disso, foi observado que esses invertebrados apresentam estratégias de alimentação muito curiosas. Foi registrado como alguns exemplares sobem nos coqueiros e atiram os cocos a uma altura de 10 metros, para quebrar a casca com o mínimo esforço. Depois de cumprirem a sua tarefa, simplesmente se deixam cair, pois podem suportar quedas de quase 5 metros sem sofrer qualquer dano.

Esses invertebrados têm o olfato altamente desenvolvido.

Reprodução e desenvolvimento do caranguejo-dos-coqueiros

A reprodução dessa espécie ocorre em terra e não requer cortejos prévios, ao contrário de muitos outros ermitões. Durante a cópula, o macho segura a fêmea com suas quelas e a coloca de “barriga para cima”, expondo assim sua região abdominal. Depois disso, o espermatóforo é introduzido através do gonóporo feminino e ocorre a fertilização interna dos óvulos.

Depois de fecundadas, e após alguns meses de desenvolvimento, as fêmeas se aproximam do mar e liberam de 50 000 a 138 000 embriões. As larvas pertencem à zona pelágica marinha e flutuam junto com outras espécies de plâncton por cerca de 3 a 4 semanas. A taxa de mortalidade nessa fase é muito alta, razão pela qual as fêmeas produzem uma grande quantidade de ovos a cada postura.

Não vamos nos concentrar nos diferentes estágios larvais da espécie. Basta sabermos que, depois de aproximadamente 30 dias, as larvas vão para o fundo da coluna d’água e procuram uma concha para se proteger. Assim que a encontram, dirigem-se à praia e começa sua fase juvenil, que intercala períodos na água e na terra.

Depois de desenvolver todas as suas estruturas vitais, esses caranguejos descartam suas conchas e se dirigem para a costa. E nunca mais voltam para o mar.

Ameaças e estado de conservação

De acordo com a União Internacional para a Conservação da Natureza, Birgus latro está em estado “vulnerável (VU)”. Atualmente, existem programas para promover sua recuperação, mas seus efeitos ainda não foram notados e as populações continuam diminuindo acentuadamente.

Os caranguejos-dos-coqueiros não têm predadores naturais, mas os humanos os levaram à extinção local em muitas áreas, pois são caçados para consumo. Além disso, alguns espécimes também foram registrados no comércio de animais de estimação, o que pode acelerar ainda mais seu desaparecimento. Pode parecer redundância, mas uma espécie com esses requisitos nunca será um bom animal de companhia.

 

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O caranguejo-dos-coqueiros é único no mundo, pois é o único representante de seu gênero e é o maior artrópode terrestre do mundo. Infelizmente, está em uma situação de risco por causa das atividades humanas e da caça indiscriminada. É necessário que o s planos de conservação comecem a fazer efeito, além de acabar com o tráfico de espécies exóticas para que as espécies se recuperem.


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