Como as formigas nascem?

As formigas ou formicídeos não apresentam a mesma aparência ao longo de seu ciclo de vida. Quando nascem são muito diferentes e passam por transformações até atingirem o formato do adulto típico.
Como as formigas nascem?
Georgelin Espinoza Medina

Escrito e verificado por a bióloga Georgelin Espinoza Medina.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

As formigas são insetos comuns em todo o mundo. Elas são definidas como trabalhadoras, fortes, destemidas e geralmente são vistas em grupos. Possuem uma organização extraordinária que lhes permite sobreviver, pois seu sucesso está baseado na divisão de tarefas. É muito provável que em alguma ocasião você tenha se deparado com uma delas, mas você sabe como as formigas nascem?

Existem mais de 10 mil espécies de formigas ou formicídeos (família Formicidae), por sua vez incluídas na ordem Hymenoptera (assim como abelhas e vespas). Todas elas passam por diferentes estágios desde o nascimento até chegar à idade adulta. Continue lendo para descobrir como as formigas nascem, sua reprodução e seu ciclo de vida.

Como são as formigas?

As formigas são pequenos insetos (geralmente com menos de 2 centímetros) com corpos divididos em 3 seções: uma grande cabeça com um par de antenas angulares e mandíbulas fortes, um tórax com 3 pares de patas e um abdômen que pode consistir em um ferrão defensivo em algumas espécies. Existem organismos com asas membranosas presentes no tórax.

Sua coloração é escura e o mais comum é que elas sejam pretas ou pardas, mas também há formigas com tonalidades vermelhas, esverdeadas ou amarelas. Sua distribuição é ampla, e elas são encontradas em quase todo o mundo, com exceção da Antártica.

Esses insetos ocupam diversos ambientes e coexistem como uma sociedade organizada. Conseguem sobreviver graças ao seu trabalho em equipe.

Uma formiga Odontomachus monticola.

Organização social

Um dos aspectos importantes para entender como as formigas nascem é sua organização, já que não é nada simples. Existem diferentes tipos de formigas ou castas dentro da mesma sociedade, cada uma com uma função estabelecida. Estes são os seguintes:

  • Rainhas: pode haver uma ou mais por colônia e são as que possuem maior hierarquia e tamanho. Elas são responsáveis pela postura dos ovos. São formigas com asas em seus estágios iniciais, mas são despejadas quando o formigueiro é fundado. Podem viver 10 anos ou mais.
  • Operárias: são fêmeas sem asas e são as menores e mais numerosas. Desempenham diferentes funções dentro do formigueiro (defesa, alimentação e construção, entre outras). Elas vivem por pouco tempo, e cada colônia tem centenas ou milhares de espécimes.
  • Machos: possuem asas e são responsáveis pelo acasalamento com a rainha para que uma nova progênie possa ser gerada. Eles vivem muito pouco, apenas alguns dias.

Como as formigas se reproduzem?

A reprodução das formigas é bastante peculiar, já que a fecundação do ovo (ou a ausência dela) determinará o sexo do inseto. Quando a rainha e o macho acasalam, surgem ovos fecundados que dão origem às fêmeas, enquanto os ovos não fertilizados produzem machos.

Dessa forma, as fêmeas possuem uma carga genética completa (já que vêm da união de mãe e pai, rainha e macho). Por sua vez, os machos têm metade dos cromossomos (que vêm apenas da rainha-mãe).

Como já foi dito, as formigas são ovíparas e sua reprodução ocorre no ar, o que é conhecido como voo nupcial. Os machos atraem as fêmeas por mecanismos químicos ou vice-versa (por meio de feromônios). Após o acasalamento, as rainhas procuram um local adequado para depositar seus ovos, que geralmente é sob o solo.

Como as formigas nascem?

Esses insetos passam por vários estágios ou fases para completar seu ciclo de vida (ovo, larva, pupa e adulto ou imago). Após a postura dos ovos das formigas (e quando a gestação está completa) ocorre a eclosão dos novos membros da colônia, que começam sua vida na forma de larvas.

As formigas recém-nascidas têm uma aparência de verme, geralmente de cor clara e tamanho pequeno. Em seu corpo, você pode distinguir uma cabeça e vários segmentos. As formigas recém-nascidas são moles, mas depois se tornam duras durante o crescimento e a metamorfose.

Como exemplo, temos a espécie Solenopsis picea. Estudos mostraram que as larvas recém-eclodidas são moles, com uma cápsula cefálica ou cabeça entre 0,1 e 0,3 milímetros, enquanto registram um comprimento total de 0,1 a 1,44 centímetros (quase um centímetro e meio). Embora o tamanho da larva pareça pequeno, essa proporção é suficiente para o desenvolvimento da formiga.

Após o estágio larval, segue-se o estágio de pupa, no qual alguns espécimes se envolvem em casulos para passar por sua metamorfose e se desenvolver como o adulto típico. A duração total do ciclo de vida é variável nas diferentes espécies. Por exemplo, na espécie citada varia de 23 a 50 dias, mas períodos mais longos foram observados.

Algumas espécies não se tornam pupas, portanto a metamorfose da larva ao adulto pode ser observada a olho nu.

Um grupo de larvas de formigas.

Nascimento das operárias

Como vimos, as operárias correspondem a fêmeas inférteis e são produzidas após a reprodução sexuada de um macho e uma rainha. Esta última possui em seu corpo uma espécie de bolsa (espermateca) na qual armazena os espermatozoides desse acasalamento e os utiliza ao longo de sua vida para fertilizar os óvulos, exceto os dos machos.

Após o voo nupcial, a rainha procura um lugar ideal. Quando o encontra, ela perde suas asas e assume sua tarefa principal: botar ovos. Ela tentará cuidar deles e protegê-los à medida que se desenvolvem no estágio de fundação da colônia.

Desses ovos emergem as primeiras operárias, inicialmente na forma de larvas (com o mesmo aspecto descrito). Elas então passam pelo estágio de pupa e finalmente se tornam adultas prontas para cuidar da rainha, dos outros ovos, alimentar as larvas e defender a colônia. As primeiras operárias do formigueiro são conhecidas como nurses.

Como as formigas rainhas nascem?

Como as operárias, as rainhas vêm de ovos fecundados da rainha e do macho. Elas surgem como larvas com as mesmas características, mas são maiores e recebem uma dieta diferente, mais adequada para seu crescimento como futura base de uma colônia. Isso ocorre de vez em quando, quando as condições são favoráveis e o formigueiro está bem estabelecido.

Em geral, as rainhas não fecundadas (princesas) desenvolvem asas que lhes permitem se dispersar e colonizar outros lugares para fundarem seu formigueiro, cumprindo o ciclo que mencionamos. As rainhas maiores têm mais oportunidades de formar colônias independentes do que as menores.

As rainhas possuem reservas de gordura que lhes permitem sobreviver enquanto as operárias se desenvolvem.

Em algumas espécies, podem ser produzidas rainhas sem asas, que desenvolvem suas colônias sem se distanciar muito do território inicial, ou seja, nas proximidades do ninho da mãe. Existem até rainhas parasitas que são responsáveis por invadir colônias. Elas conseguem matar ou expulsar a residente, mas também podem acolher operárias e outras rainhas para que trabalhem para si.

Como as formigas machos nascem?

Para gerar machos, a presença de espermatozoides não é necessária, pois eles vêm de óvulos não fertilizados. Como o resto das castas de formigas, a larva emerge do ovo, então entra em fase de pupa e, por fim, torna-se um adulto alado pronto para se reproduzir. Normalmente, sua vida útil é curta e o macho morre após o acasalamento.

Formigas em seu ninho com ovos.

Explicar como as formigas nascem é complexo. Embora elas tenham uma organização fascinante que lhes permite ter muito sucesso no mundo, são insetos frágeis e dependentes de cuidados quando acabam de sair do ovo. Além disso, as larvas são irreconhecíveis à primeira vista e parecem muito diferentes das formigas adultas. Incrível, não é?


Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.


  • Forti, L., da Silva, R., Protti, A, Caldato, N., Andrade, K., & Costa, A. (2019). Polygyne, oviposition, life cycle and longevity of the three subspecies of leaf-cutting ants, Acromyrmex subterraneus (Hymenoptera: Formicidae). Journal of natural history, 52(47-48), 3005-3016.
  • Heinze, J., & Tsuji, K. (1995). Ant reproductive strategies. Researches in population ecology, 37(2), 135-149.
  • Herrera, J., & Armbrecht, I. (2007). Ciclo de vida y potencial reproductivo de la hormiga depredadora Solenopsis cf. picea (Hymenoptera: Formicidae). Revista colombiana de entomología, 33(1), 64-69.
  • López-Riquelme, G., Ramón, F. (2010). El mundo feliz de las hormigas. Revista Especializada en Ciencias Químico-Biológicas, 13(1), 35-48.
  • Solenopsis picea, Animal Diversity Web (ADW). Recogido a 06 de octubre en https://animaldiversity.org/accounts/Solenopsis_picea/classification/

Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.