Cuidados intensivos para aves de rapina
Escrito e verificado por a veterinária Érica Terrón González
Quando uma ave de rapina chega a um centro veterinário, primeiramente é necessário descobrir a sua origem (se é um indivíduo silvestre ou se, pelo contrário, veio de um centro de falcoaria ou de educação ambiental), bem como as características da sua possível doença e o prognóstico de recuperação. Uma vez que o primeiro contato termina, é preciso proceder com os cuidados intensivos para aves de rapina.
Cuidados intensivos para aves de rapina
Manejo, contenção e hospitalização
Os mecanismos de defesa das aves de rapina variam de acordo com a espécie e o tamanho. A maioria tem garras formidáveis, talvez com exceção dos falconiformes, que utilizam mais o bico quando se sentem desconfortáveis com o manejo.
Ao manejar uma ave de rapina, é preciso levar a sua origem em consideração, pois um animal criado ou mantido em cativeiro estará mais acostumado ao contato humano.
De qualquer forma, ao capturá-las e inspecioná-las na chegada, é preciso garantir tanto a proteção do veterinário quanto a integridade do animal. É preciso prestar atenção especial para não danificar a plumagem, pois são aves que precisam da sua capacidade de voar intacta, e para não causar fraturas ou ferimentos por imperícia, sem falar no estresse que o contato humano gera na ave.
Geralmente, usar toalhas ou cobertores para envolver o animal reduz o perigo ao manuseá-lo. Além disso, se também cobrirmos seus olhos, seja com o próprio cobertor ou com um capuz, a ave ficará mais calma e menos estressada.
Dependendo do tamanho da ave, será necessária a presença de uma ou mais pessoas para auxiliar na inspeção.
Durante a internação, é preciso manter condições de higiene e de biossegurança para evitar infecções. Ao longo desse período, o contato com humanos ou outros animais deve ser o menor possível, especialmente no caso de aves jovens que podem ter o imprinting como consequência.
Exame físico e triagem
Geralmente, a ave de rapina é capturada em um recipiente adequado e transportada para o centro de recuperação. Uma vez no local, antes de retirá-la do referido recipiente, é aconselhável inspecioná-la visualmente, pois assim já é possível obter muitas informações.
É preciso observar se há esforço excessivo ao respirar, se há desprendimento da asa, se a cabeça está inclinada… Nesse momento, podem ser detectadas situações que precisem de tratamento urgente.
A oxigenação ou a terapia com fluidos podem ser necessárias antes de continuar com o tratamento. Ou talvez seja necessário reposicionar uma articulação luxada, uma fratura exposta ou uma ferida antes de prosseguir, porém desde que o paciente esteja estabilizado.
Uma vez na clínica, será necessário pesar o animal para administrar eventuais medicamentos. Dependendo do tamanho da ave, é possível colocá-la na balança simplesmente envolvida por um pano, ou então será necessário pesá-la dentro do recipiente em que foi transportada.
Ao colocar a ave na mesa de inspeção, opta-se por deixá-la de barriga para cima, a menos que haja alguma dificuldade respiratória grave. Nesse caso, ela deverá ser mantida na vertical, contida por um auxiliar.
Cuidados intensivos para aves de rapina: recuperação
Assim que a ave de rapina estiver estabilizada e fora de perigo imediato, ela deve ser transferida para uma instalação de reabilitação, onde tenha poleiros e superfícies adaptadas ao seu tamanho e espécie.
Complicações
Uma das complicações mais comuns ao manter aves em recuperação durante longos períodos é o aparecimento da pododermatite, também conhecida como ‘bumblefoot’. Trata-se de lesões plantares que aparecem quando as superfícies de apoio não são adequadas. Pode causar até mesmo a necrose da parte distal da pata e amputações, impedindo assim a soltura posterior da ave.
Outra complicação são os danos às penas, principalmente as timoneiras, localizadas na cauda. Para evitar que isso aconteça, durante a internação elas podem ser recobertas com papel radiográfico, formando uma espécie de envelope rígido para mantê-las isoladas.
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- E Graham J, Heatley J. Emergency care of raptors. Washington: University of Washington;.
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