O gato-de-pallas: um solitário do Himalaia
Escrito e verificado por a bioquímica Luz Eduviges Thomas-Romero
O gato-de-pallas (Felis manul ou Otocolobus manul), também conhecido como manul, é um pequeno felino selvagem da Ásia Central. É interessante saber que seu nome comum deriva do nome da pessoa que o descreveu pela primeira vez, o zoólogo alemão Peter Simon Pallas.
Esse felino tem o tamanho de um gato doméstico e tem um pelo bonito e muito cobiçado. Além disso, entre suas características distintivas estão as pupilas redondas, semelhantes às dos grandes felinos. Essa espécie também tem patas curtas, rosto achatado e orelhas largas, com as quais cria algumas das expressões mais divertidas do reino felino.
Onde habita o gato-de-pallas?
Embora o gato-de-pallas seja encontrado em toda a Ásia Central, seu habitat é muito específico. Esse felino está adaptado a ambientes frios e áridos e ocupa estepes, desertos alpinos e áreas rochosas. Assim, essa espécie habita planícies de países como a Mongólia, a Rússia, o Paquistão, a China Ocidental, a Sibéria e o Tibete. Também pode ser encontrado no norte do Irã e na Índia.
Ocupa cavernas, fendas ou tocas cavadas por outros animais, em altitudes de 4000 a 5000 metros acima do nível do mar, mas apenas em áreas onde a neve profunda não se acumula. Muito raramente ele é visto em áreas baixas.
O pelo do gato-de-pallas: sua proteção, beleza e maldição
Muito da beleza desse gato vem da sua pelagem bastante abundante e espessa. Graças a ela, ele pode se proteger das geadas frias do seu habitat. Seus pelos apresentam variações de cor importantes que mudam de acordo com as zonas e as estações, o que os ajuda a passar despercebidos em seu habitat.
Assim, a tonalidade da sua pelagem varia conforme a época do ano, pois é muito mais branca no inverno e mais acinzentada quando não há neve e aparecem pedras no solo. Portanto, sua pelagem varia de tons de cinza a ocre em diferentes regiões.
Essa variação levou alguns cientistas a sugerirem sua classificação em duas subespécies. A definição dessa subdivisão está aguardando novas pesquisas e seriam:
- Otocolobus manul manul, representado pela coloração mais comum encontrada. Está distribuído em quase toda a extensão da espécie, mas com mais frequência na Mongólia e na China.
- Otocolobus manul nigripectus, que possui manchas pretas mais distintas. Vive no Tibete, na Caxemira, no Nepal e no Butão.
O padrão da pele do gato-de-pallas
Suas bochechas têm pelo esbranquiçado, que contrastam com as manchas pretas na testa e as duas linhas finas e escuras que saem do canto dos olhos e cruzam o rosto. Ele também tem anéis escuros ao redor dos olhos e manchas pretas na testa e na coroa. Os lábios, o queixo e o pescoço são brancos, com uma leve coloração avermelhada perto do lábio superior.
As patas e o tronco têm de cinco a sete faixas pretas estreitas que cruzam a parte inferior das costas. Essas listras escuras nem sempre podem ser observadas à primeira vista, devido à alta densidade do seu pelo.
Além disso, sua cauda longa e peluda tem uma ponta preta e belos anéis escuros em todo o seu comprimento. O pelo ventral tem quase o dobro do comprimento do dorso, o que o protege do frio enquanto está deitado.
Outras características físicas
Os gatos-de-pallas são atarracados, gordos e têm patas curtas. Eles atingem entre 50 e 62 centímetros de comprimento, além de uma cauda de 21 a 31 centímetros e pesam em média 4,5 quilos.
Talvez o mais característico do gato manul seja a sua cabeça grande e achatada. Suas orelhas são de tamanho pequeno e com uma inserção extremamente baixas. Seu focinho é mais curto do que o normal em gatos domésticos, a ponto de ter menos dentes do que o resto dos gatos.
Hábitos de vida
Esse gato selvagem é um animal noturno solitário, embora possa ser ativo ao entardecer e de manhã cedo. De acordo com especialistas, durante o dia ele costuma dormir em fissuras rochosas e pequenas cavernas. Além disso, costuma se refugiar nas tocas de outros pequenos animais, como marmotas, raposas e texugos.
Os cientistas notaram sua extraordinária habilidade de se esconder em seu próprio habitat. Suas marcações e cores permitem que ele se misture facilmente ao ambiente. Essa habilidade de camuflagem é útil para a caça, pois os gatos-de-pallas não são bons corredores.
Ameaçado, esse felino não costuma mostrar os dentes ou sibilar, porque quando está com medo, ele grita e rosna. O som foi descrito mais como o uivo de um cachorro pequeno do que como o miado de um gato doméstico. De acordo com especialistas, esse felino pode ronronar, de maneira semelhante a um gato doméstico.
Poucos desses animais foram mantidos em cativeiro, mas os que foram geralmente tendem a ser agressivos e intrépidos com os humanos.
Quais presas o gato-de-pallas prefere?
Em toda a sua gama de habitat, esse felino se alimenta principalmente de pequenos mamíferos conhecidos como pikas e outros pequenos roedores. Como espécie predatória, seu papel é benéfico para os humanos, pois os pikas são considerados pragas agrícolas.
Esse gato é especialista em espreitar e emboscar esses animais nas estepes rochosas onde vive. É sabido que ele ocasionalmente também se alimenta de pequenos pássaros insetívoros.
O comércio ilegal do gato-de-pallas
Existem registros históricos que mostram que o comércio de peles desse gato começou em 1965, com uma média de mais de 50 000 peles por ano até 1985. É preciso destacar que a pele do gato-de-pallas não é considerada de alta qualidade e, portanto, tem um valor baixo em comparação com as outras espécies de gatos selvagens, leopardos-da-neve e linces.
Estado de conservação
Ressalta-se que o estado de conservação do gato-de-pallas é pouco conhecido devido à falta de informações sobre a sua distribuição e números relativos. Ele foi amplamente caçado até a década de 1980.
Embora a caça não pareça mais ser um problema para o felino atualmente, em algumas partes da Rússia e da China, os pequenos roedores e pikas dos quais ele se alimenta têm sido envenenados por serem considerados portadores de doenças.
No momento, não está claro qual é a maior ameaça para essa espécie: a exposição a esses venenos ou a diminuição do suprimento de alimentos. Além disso, apesar das leis que o protegem, ainda podemos encontrar caça furtiva em busca do seu belo manto cinza.
Por fim, as tentativas de trabalhar com a reprodução em cativeiro são bastante decepcionantes e malsucedidas, uma vez que a mortalidade dos filhotes nascidos em cativeiro é de quase 50% (um em cada dois).
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