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A lesma-do-mar Elysia chlorotica: um animal que faz fotossíntese

3 minutos
Os reinos animal e vegetal raramente se unem para nos mostrar um animal tão único quanto a lesma-do-mar Elysia chlorotica, o molusco que queria ser uma planta.
A lesma-do-mar Elysia chlorotica: um animal que faz fotossíntese
Samuel Sanchez

Revisado e aprovado por o biólogo Samuel Sanchez

Última atualização: 27 dezembro, 2022

O processo metabólico da fotossíntese consiste em retirar energia luminosa do sol através dos cloroplastos e transformá-la em matéria orgânica. Essa matéria é transmitida aos animais pela cadeia alimentar e é indispensável para a produção de oxigênio. No entanto, a lesma-do-mar Elysia chlorotica é um animal capaz de realizar esse processo.

Historicamente, foi demonstrado que a fotossíntese é um processo exclusivo das plantas, algumas algas e certos microrganismos. Porém, a natureza sempre apresenta algumas exceções, e esse é o caso da lesma-do-mar Elysia chlorotica: um animal que faz fotossíntese e se beneficia do sua alimento para sobreviver no mar, mesmo que por pouco tempo.

Características da lesma-do-mar Elysia chlorotica

A lesma-do-mar Elysia chlorotica é um molusco gastrópode descoberto em 1870 que habita as águas do Atlântico Norte, principalmente nos oceanos que banham desde o estado da Flórida até a ilha de Nova Escócia. Pode ser encontrada em ambientes salinos e salobros, na foz de alguns rios dessa região do mundo.

Essa espécie de lesma-do-mar pode crescer até 45 milímetros de comprimento, porém seu tamanho comum varia entre 20 e 30 milímetros.

Fisicamente, ela se caracteriza por uma intensa cor verde-esmeralda que recebe da absorção da clorofila. Seu corpo às vezes apresenta pequenas manchas brancas ou vermelhas. Sua contextura é delgada, mas alarga-se nas laterais, conferindo-lhe um aspecto semelhante a uma folha de alface se desconsiderarmos a particular cabeça característica das lesmas.

 

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Quando esse animal pressente o perigo, ele dobra seu corpo para se defender dos predadores. Da mesma forma, costuma se proteger deles graças à magnífica camuflagem proporcionada por seu formato peculiar, passando despercebida dentro das algas marinhas, das quais se alimenta.

O corpo da lesma-do-mar Elysia chlorotica durante juventude é marrom ou cinza com algumas manchas vermelhas, pois ela ainda não absorveu os cloroplastos necessários para adquirir sua coloração verde característica. Por esse motivo, os jovens costumam não chamar atenção.

Apesar de ser um animal tão único no ecossistema marinho, sua expectativa de vida não ultrapassa 11 ou 12 meses. Os adultos encaram uma morte massiva após a postura dos ovos, e esse comportamento é a causa de uma doença hereditária. Quanto à sua reprodução, não se tem muitas informações. No entanto, outras espécies do clado Sacoglossa são hermafroditas.

Como ela faz fotossíntese?

Em primeiro lugar, é necessário explicar que esse molusco se alimenta de algas, especialmente da espécie Vaucheria litorea. A lesma-do-mar come essas algas dando pequenas “mordidas” com a rádula ou a língua. Desde que nascem, esses animais começam a consumir muitas dessas algas e precisam delas para adquirir sua particular coloração verde brilhante.

Isso porque, ao se alimentar dessas plantas, elas podem roubar cloroplastos delas e armazená-los nas células do seu organismo. Também foi observado que lesmas-do-mar recebem açúcares dessa relação interespecífica. Por isso, a espécie não nasce com a capacidade de realizar a fotossíntese, mas a adquire com o tempo, graças à sua alimentação.

Na fase adulta, esse invertebrado pode viver sem consumir algas e se alimentar da energia solar.

Além disso, esses moluscos possuem moléculas especiais que lhes permitem armazenar a clorofila dos cloroplastos, em vez de digeri-la. A evolução permitiu que essa espécie não rejeitasse rapidamente os elementos que consome das algas ingeridas. Assim, fica evidenciado um caso em que os reinos animal e vegetal se unem para apresentar um único indivíduo.

Por fim, é válido destacar que há uma transferência horizontal de genes entre essa lesma-do-mar e as algas. Esse fluxo é comumente gerado entre bactérias ou, em muito menor medida, entre plantas e muito poucas espécies animais. Essa relação fez com que o molusco aderisse a uma parte da informação genética da alga e admitisse os cloroplastos como seus.

 

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Como você viu, a lesma-do-mar Elysia chlorotica é um animal que pode facilmente passar despercebido na água graças à sua fantástica camuflagem. Sua evolução lhe permitiu aproveitar os cloroplastos das algas e viver praticamente o resto da sua curta vida apenas com a energia do sol, característica que não é herdada e que cada espécime deve lutar para aprender.


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