Nudibrânquios: as joias do mar

Um dos seres mais fascinantes que habitam o meio aquático são os nudibrânquios. Apesar do seu pequeno tamanho, essas lesmas-do-mar têm sistemas de defesa impressionantes.
Nudibrânquios: as joias do mar
María Muñoz Navarro

Escrito e verificado por a bióloga María Muñoz Navarro.

Última atualização: 21 dezembro, 2022

O mais variado ecossistema que existe está estabelecido nos oceanos. Os seres aquáticos que o habitam possuem uma enorme diversidade de cores, formas, modos de alimentação e mecanismos de defesa para garantir sua sobrevivência. Esse meio é o lar dos organismos mais impressionantes e raros que você pode imaginar, de seres transparentes a peixes abissais com órgãos que emitem luz.

Uma das criaturas mais exóticas são os nudibrânquios, as lesmas-do-mar que conquistam quem se aventura nas profundezas dos oceanos. A seguir, vamos contar tudo o que você precisa saber sobre esses organismos espetaculares.

As lesmas-do-mar

Os nudibrânquios são popularmente conhecidos como lesmas-do-mar. São moluscos, como amêijoas e lulas, da classe dos gastrópodes que habitam as superfícies do fundo do mar. O nome nudibrânquio significa “guelras nuas”, pois esses animais expõem suas guelras, em forma de asas no dorso, para fora.

Características gerais

A principal peculiaridade desses seres é a variedade de cores e formas que apresentam. Durante a fase larval, esses organismos possuem uma casca embrionária que perdem quando são adultos.

Portanto, as formas adultas não têm concha e se assemelham muito às lesmas que conhecemos. Movimentam-se graças a um pé musculoso que liberta uma substância mucosa que lhes permite se apoiar e se deslocar no substrato.

Embora esses animais sejam cegos, seus olhos servem para diferenciar a luz da escuridão. Em vez disso, eles têm duas antenas chamadas rinóforos. Esses “chifres” funcionam como órgãos sensoriais e não apenas permitem que detectem alimentos, mas que também encontrem outros nudibrânquios para acasalar.

Devido à ausência da concha, que em outros animais serve de proteção, esses organismos tiveram que adotar outras técnicas para se defender da predação, como a secreção de compostos altamente tóxicos. É por isso que algumas espécies são muito venenosas.

Tamanho e habitat

Normalmente, essas criaturas são bentônicas, ou seja, vivem presas na superfície do fundo do mar. Em contraste, outras são pelágicos e se movem através das colunas de águas salgadas mais rasas. Quanto ao tamanho, são muito variáveis pois há nudibrânquios que podem medir alguns milímetros enquanto outros chegam a 40 centímetros de comprimento.

Reprodução e alimentação

Esses moluscos são seres hermafroditas, ou seja, machos e fêmeas ao mesmo tempo. Eles precisam de outro indivíduo para se reproduzir e quando encontram um, fertilizam um ao outro.

Os nudibrânquios podem colocar milhões de ovos, aumentando, assim, suas chances de sobrevivência.

Sua dieta é baseada na ingestão de outros invertebrados, então eles são carnívoros. Também incluem algas e corais em sua dieta e, inclusive, comem outros nudibrânquios ou seus ovos. Eles pegam suas presas graças à rádula, uma estrutura com pequenos dentes localizada na boca desses moluscos.

Algumas espécies acumulam células urticantes de pólipos ou espículas das esponjas. Dessa forma, conseguem incorporá-las ao corpo e, posteriormente, utilizá-las para se defender.

Diversidade de cores e formas

Existem mais de 3.000 espécies de nudibrânquios descritas que estão colonizando todos os oceanos, sejam de águas quentes ou frias e em diferentes profundidades. Embora os cientistas especulem que existam mais de 3.000 espécies que ainda não foram descobertas.

O que mais se destaca nesses seres é a diversidade de formas (podem ser lisas ou ásperas, planas ou carnudas, longas ou curtas) e as cores que apresentam. No entanto, devemos ter cuidado com essas maravilhas do ecossistema marinho, pois esta variedade cromática nos alerta para seu perigo, já que a maioria delas são venenosas.

Por isso, esses animais são um exemplo claro de aposematismo, um sistema de defesa em que uma propriedade dissuasora está associada a um sinal de alerta. Além disso, são dotados de múltiplas estruturas e características que os ajudam a passar despercebidos por seus predadores:

  • Homocromia. Suas formas e cores permitem que se misturem com as plantas aquáticas e com o meio ambiente.
  • Espículas. Essas extensões do corpo em forma de agulha servem para se defender. Alguns os adquirem das esponjas que comem.
  • Secreção de produtos biológicos tóxicos, o que os torna venenosos.
  • Sabor ruim. Isso faz com que os predadores aprendam a não comê-los depois de prová-los.

Algumas curiosidades

Dentro do grupo de nudibrânquios existem espécies muito diversas. Por exemplo, algumas são inofensivas, mas imitam a aparência de espécies tóxicas para parecerem perigosas:

  • Glaucus atlanticus: o dragão azul tem uma coloração incrível e um aspecto muito curioso. No entanto, é a espécie mais mortal que existe.
  • Elysia chlorotica: esse exemplar pode realizar a fotossíntese por cloroplastos das algas consumidas. Com a energia solar, os cloroplastos realizam a fotossíntese e o nudibrânquio se alimenta dos produtos dela.
  • Ceratosoma gracillimum: o ceratosoma indonésio vive em simbiose com um camarão imperial que o mantém limpo e, em troca, o nudibrânquio o transporta e facilita a obtenção de alimento.
Algumas curiosidades

Um banquete para os olhos

Como você já deve ter visto, o ecossistema marinho é o mais variado que existe, e de todos os organismos que o habitam (apesar dos seus métodos de camuflagem), é claro que os nudibrânquios não passam despercebidos. Eles são uma festa para os olhos.

Graças à heterogeneidade dos seus aspectos, formas e cores, são seres únicos. Com características que mostram que, afinal, o tamanho não é um impedimento se o animal estiver equipado com as estratégias mais eficazes e os mecanismos de defesa mais persuasivos.

Por fim, destacamos que são esses mesmos métodos que os permitem passar despercebidos, dificultando sua busca e identificação.


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