Lesma rosa fluorescente: o que se sabe sobre esse animal?

A lesma rosa fluorescente é um molusco que foi descoberto alguns anos atrás, após os incêndios na Austrália. Infelizmente, é uma espécie que está ameaçada.
Lesma rosa fluorescente: o que se sabe sobre esse animal?
Ana Díaz Maqueda

Escrito e verificado por a bióloga Ana Díaz Maqueda.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

A lesma rosa fluorescente ( Triboniophorus aff. graeffei ) só existe em um lugar no mundo: no monte Kaputar. No interior do norte de Nova Gales do Sul, na Austrália, há uma área onde centenas de espécies consideradas sobreviventes esperam que as mudanças climáticas lhes deem uma folga.

Infelizmente, esse grande molusco com uma espetacular tonalidade rosa corre sério perigo de extinção, conforme indicado pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).

A presença de espécies invasoras, a destruição do habitat e o aumento da temperatura global estão deixando milhares de espécies na corda bamba da extinção. Abaixo, descubra mais sobre esse colorido animal que luta para sobreviver.

Características da lesma rosa fluorescente

A lesma rosa fluorescente é o único membro da família Athoracophoridae. Esse animal, conforme descrito por seu descobridor, o guarda-florestal Micheal Murphy, apresenta a coloração rosa mais profunda que alguém poderia imaginar.

Devido aos poucos estudos que existem, ainda não se sabe qual pigmento é a causa dessa cor tão exuberante. Apesar de seu grande tamanho – cerca de 20 centímetros de comprimento – esse molusco era totalmente desconhecido, pelo menos até que seu habitat fosse destruído por um incêndio e agentes florestais se aproximassem para coletar dados sobre os danos causados.

Foi então que várias dezenas de lesmas rosadas começaram a se mover pelas superfícies queimadas. Porém, por enquanto, sua biologia continua pouco conhecida. Não se sabe se a espécie é hermafrodita, como é o caso de muitos outros gastrópodes, ou qual é sua expectativa de vida.

Com o passar do tempo, se a espécie sobreviver em um habitat tão deteriorado após os incêndios, espera-se que um dia se saiba mais sobre ela.

 

Uma lesma rosa em um fundo preto.

Qual é sua origem?

Há cerca de 17 milhões de anos, ocorreu uma erupção vulcânica que deu origem ao que hoje se conhece como monte Kaputar, que tem uma altitude de 1489 metros. Nesse local, existe uma grande diversidade de moluscos endêmicos únicos no mundo. Na verdade, apesar de haver outras montanhas adjacentes, a lesma rosa fluorescente habita apenas esse pico.

Até o momento, sabe-se que esse molusco é um animal noturno. Quando o sol se esconde, a lesma rosa fluorescente sobe nos galhos das árvores, onde se alimenta de musgos, líquenes e fungos. Com os primeiros raios de sol, essa espécie desce ao solo, onde pode se esconder nas folhas secas ou debaixo de rochas até o novo cair da noite.

As ameaças da lesma rosa fluorescente

As mudanças climáticas são a principal ameaça para esse animal. O monte Kaputar já é um habitat marginal por si mesmo. Se, além disso, a área sofrer incêndios consecutivos, a única saída para todos os seres que ali vivem é subir cada vez mais em altitude. Dessa forma, o ecossistema vai ficando cada vez menor.

Todos os animais e plantas que ali vivem têm uma distribuição muito restrita. Os incêndios são a causa mais determinante para o desaparecimento e o desequilíbrio progressivo do ecossistema.

Se a mudança climática continuar conforme o previsto, há um risco muito alto de extinção da lesma rosa fluorescente nos próximos anos. Esse futuro também é o que se espera das florestas que existem nessa área.

Em lugares como o monte Kaputar, não se pode analisar a situação de cada espécie separadamente, uma vez que todas estão intimamente relacionadas entre si. Como dissemos, muitas espécies tendem a subir em altitude se a temperatura aumenta. O problema é que essa lesma já vive na área mais alta, então uma ligeira mudança na temperatura pode extingui-la.

Outras ameaças adicionais à espécie são a constante degradação do habitat — devido aos incêndios — e o contínuo pastoreio de javalis, uma espécie invasora do local introduzida pelo homem.

 

Uma floresta em chamas de um incêndio.

Embora existam leis que regulamentam o bem-estar dessas áreas tão importantes — e além de essa área estar inserida em um Parque Nacional —, as mudanças climáticas não enxergam fronteiras. Se não houver alguma ação em nível internacional, é muito provável que a lesma rosa fluorescente e muitos outros animais com os quais ela compartilha o habitat desapareçam em pouco tempo.


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