Por que há mangustos na Espanha?

O mangusto é um carnívoro pouco conhecido e de origem incerta. No entanto, uma nova descoberta nos ajudou a entender quando este animal chegou à Espanha.
Por que há mangustos na Espanha?
Eugenio Fernández Suárez

Escrito e verificado por o veterinário Eugenio Fernández Suárez.

Última atualização: 21 dezembro, 2022

A presença de mangustos é pouco conhecida na Espanha, talvez porque estejamos mais acostumados a ver estes animais na África. Há uma única espécie que pode ser encontrado na Europa, especificamente no sul da Espanha.

O mangusto, um animal curioso na Europa

O mangusto é um animal alongado, parecido com os mustelídeos, com uma pelagem intercalada entre cinza e marrom de forma uniforme.

Assim como os mustelídeos, possui patas curtas e garras não retráteis para poder cavar. Alimentam-se das presas que caçam, que são principalmente roedores.

Além disso, a aparência do mangusto é muito curiosa. É um dos poucos mamíferos que possui uma pupila horizontal, que lhe dá uma aparência muito chamativa.

No entanto, o que mais chama a atenção é como um carnívoro africano foi parar em uma região tão específica da Europa. Isso ocorreu devido à introdução feita pelo ser humano na Península Ibérica, assim como o caso da gineta.

Mangusto em tronco de árvore

A origem do mangusto na Espanha tem sido muito debatida. Muitos atribuem sua introdução a várias civilizações, como os fenícios, cartaginenses ou muçulmanos.

Os mangustos foram introduzidos na Espanha por serem praticamente animais de estimação no Antigo Egito. Além disso, estes animais são ótimos controladores de pragas.

O mangusto foi, provavelmente, uma espécie exótica invasora antes do conceito existir, embora atualmente estejam bem integrados no ecossistema, como no Parque Natural de Doñana.

Os mangustos mais antigos da Espanha

Recentemente, uma nova descoberta arqueológica parece apontar uma direção específica para a origem dos mangustos na Espanha.

Em um mausoléu da Mérida Romana, entre os restos de animais domésticos (principalmente cachorros), foram encontrados restos de mangustos como se fossem animais domésticos.

Os animais apresentavam sinais claros de serem domésticos, como fraturas curadas.

Mangusto caminhando em seu habitat

Este seria, portanto, o resquício mais antigo de mangustos na Espanha de que se tem provas, o que invalida teorias como a sua introdução posterior pelos muçulmanos.

Esta descoberta confirma que havia mangustos na Espanha há 2000 anos, e parece que eles tinham uma relação direta com o homem.

O mausoléu está associado a rituais de sacrifício, algo comum em cachorros para os romanos, mas que não havia sido visto em mangustos. Isso pode indicar que este animal convivia com as famílias de forma parecida com os cachorros.

De fato, estes animais tinham uma certa importância para os romanos. Isso os levou a incluí-los em seus mitos, como é o caso do cão Cérbero.

Os corpos destes animais estavam acompanhados de várias taças e restos de alimentos. Tudo isso sobre três túmulos, o que pode indicar algum tipo de festividade ou ritual em honra a alguma divindade.

Este não foi o único caso

Esse não foi o único mangusto descoberto na Europa recentemente. No Castelo de Palmela e nas proximidades de Lisboa foram encontrados mangustos de épocas próximas. No entanto, neste caso, em um contexto totalmente diferente: algo parecido com um animal selvagem em uma caverna.

Isso significa que os mangustos foram trazidos pelos romanos? Não necessariamente. No entanto, estes animais já estavam na Península Ibérica na época romana. Ainda assim, a chegada do mangusto à Espanha pode ser ainda mais antiga que a época romana.


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