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4 espécies de sapos venenosos

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Embora sejam venosos, os sapos não são um perigo e nunca tentarão atacar as pessoas. O veneno se destina apenas a impedir que outros animais os comam e seu efeito é leve, a menos que seja ingerido.
4 espécies de sapos venenosos
Francisco Morata Carramolino

Escrito e verificado por o biólogo Francisco Morata Carramolino

Última atualização: 21 dezembro, 2022

Os sapos são anfíbios robustos e rechonchudos que tendem a depender menos da água do que as rãs. Esses anuros geralmente são muito lentos e vulneráveis a predadores. Por isso, os sapos desenvolveram uma defesa em forma de toxinas localizadas na pele, que os tornam venenosos.

Mais precisamente, as verrugas que dão aos sapos sua aparência característica são glândulas que abrigam vários compostos tóxicos. Quando perturbados, esses pequenos vertebrados podem secretar veneno através delas, um veneno com aparência leitosa e de consistência viscosa.

Embora seja necessário ter cuidado com animais de estimação ou crianças pequenas, os sapos geralmente não representam perigo porque seu veneno é apenas um mecanismo de autodefesa. Se você quiser aprender mais sobre algumas espécies venenosas de sapos, continue lendo.

As 4 espécies mais interessantes de sapos venenosos

Embora a maioria dos sapos não tenha importância médica, o veneno é uma ferramenta comum entre eles. A seguir estão algumas espécies venosas relevantes.

1. Sapo-cururu (Rhinella marina)

Nativo da América Central e do Sul, esse sapo foi introduzido pelos humanos em muitas outras partes do mundo. Essas ações fizeram com que ele se tornasse uma das piores espécies exóticas invasoras em todo o planeta.

Os sapos-cururus têm um veneno muito poderoso, que é armazenado principalmente em suas enormes glândulas parótidas, localizadas atrás da cabeça. Na área nativa do sapo-cururu, os predadores evoluíram para tolerar esse veneno, de modo que podem consumir esses anfíbios.

Porém, predadores de outras áreas morrem ao tentar comê-los, de modo que os sapos-cururus se expandem sem limites. Como você pode imaginar, isso cria sérios problemas nos ecossistemas.

 

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2. Sapo-comum ou sapo-europeu (Bufo bufo)

Embora menor e menos problemático do que o sapo-cururu, o sapo-comum é outro anuro cujo veneno pode causar danos a pequenos animais. Suas toxinas têm um gosto ruim, e causam náuseas, vômitos e insuficiência cardíaca em casos extremos.

Esses carismáticos animais são muito pacíficos. Eles vivem suas vidas tranquilamente no abrigo da noite, momento em que saem de seus esconderijos para se alimentar de invertebrados ou se reproduzir em lagoas.

O veneno desses animais é composto por bufotoxinas e bufogeninas, entre outras substâncias químicas. A composição exata das secreções tóxicas é diferente em habitats naturais ou transformados pelo homem.

Curiosamente, as lontras que comem esses animais aprenderam a tirar primeiro a pele, para evitar a ingestão das toxinas. Quando um animal desenvolve uma resposta de defesa, seu predador certamente aprenderá a evitá-la.

 

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3. A espécie Incilius alvarius

Esse é o maior sapo nativo dos Estados Unidos, medindo entre 11 e 19 centímetros. Sua pele é dura e coriácea, de cor verde-oliva nos machos e marrom-malhado nas fêmeas. Habita o sudoeste dos Estados Unidos e o noroeste do México.

As secreções tóxicas do Incilius alvarius contêm um composto denominado 5-MeO-DMT, que tem efeitos alucinógenos nas pessoas. Em decorrência de suas propriedades alucinógenas, esses sapos são coletados e traficados para a obtenção desse composto, que é utilizado como droga recreativa ou para tratar problemas de saúde mental.

Embora esse sapo não esteja em perigo de extinção, certas populações estão sendo afetadas por essas práticas, que também podem causar problemas de saúde em humanos.

 

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4. A espécie Phrynoidis asper

Essa espécie vive em países como Mianmar, Malásia, Indonésia e Bornéu. É de cor escura e possui muitas pequenas verrugas na pele, que lhe dão uma aparência muito áspera. Em geral, esse sapo parece mais esguio do que os outros desta lista, com membros mais longos e mais finos em comparação com o corpo, que também é menos inchado.

O veneno desse anuro é composto principalmente de bufotalina. Como outras toxinas em sapos, essa substância tem efeitos cardiotóxicos. Além disso, também contém outros produtos químicos, como a resibufogenina. Em ratos, uma dose de 100 miligramas pode causar dificuldades motoras, convulsões e fraqueza corporal durante 5 horas.

 

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Usos humanos do veneno dos sapo

Embora possam ser perigosos se ingeridos, as secreções dos sapos venenosos têm sido usadas pelos humanos ao longo da história. Um dos usos mais comuns desse veneno é como droga recreativa: como já foi mencionado, atualmente sapos da espécie Incilius alvarius são usados para esse fim, mas no passado também eram usados sapos-cururus.

Para perceber os efeitos dos compostos alucinógenos, as pessoas lambem os sapos ou extraem e preparam as secreções para fumar. Como acontece com qualquer outra droga, consumir o veneno desses animais acarreta sérios riscos à saúde, além de prejudicar esses animais e suas populações.

O veneno de uma subespécie asiática de Bufo bufo também é usado há milênios na medicina tradicional chinesa. As secreções desidratadas desses animais são utilizadas principalmente para tratar o câncer, embora sua eficácia seja duvidosa.

 

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Embora alguns sapos sejam venenosos, eles não são perigosos, especialmente se você evitar tocá-los ou incomodá-los. São animais muito pacíficos que nunca tentam atacar e que mantêm as populações de invertebrados afastadas. Portanto, nunca é justificado matar esses animais, independentemente de suas secreções tóxicas.


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