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4 vermes que brilham no escuro

4 minutos
A bioluminescência pode se originar de diferentes maneiras e cumprir funções bastante distintas na vida dos organismos. Independentemente de seu mecanismo de produção, é sempre um processo fascinante.
4 vermes que brilham no escuro
Francisco Morata Carramolino

Escrito e verificado por o biólogo Francisco Morata Carramolino

Última atualização: 21 dezembro, 2022

A bioluminescência é um fenômeno fascinante através do qual os seres vivos são capazes de produzir sua luz própria. Essa habilidade é comum em vários grupos de animais, cujas origens foram independentes. Desde tubarões até águas-vivas ou vermes, muitos brilham no escuro. Neste espaço, vamos falar sobre os vermes.

É importante deixar claro que o termo ‘verme’ é informal e carece de rigor biológico. Dentro desse conceito, incluímos anelídeos, nematoides, larvas de insetos e outros organismos não relacionados entre si, desde que tenham corpo mole e alongado com patas diminuídas ou ausentes.

Uma vez que esses animais podem ser semelhantes entre si e compartilham a capacidade de produzir luz, neste artigo vamos abordá-los em conjunto, independentemente de suas relações evolutivas. Se você quiser aprender mais sobre eles, continue lendo.

1. Larvas do inseto Arachnocampa luminosa

O primeiro dos vermes que brilham no escuro é Arachnocampa luminosa. Esse organismo é uma larva das moscas-dos-fungos, pequenos insetos dípteros nativos da Nova Zelândia. Em sua fase larval, a espécie Arachnocampa luminosa é um verme fino e alongado, que pode atingir cerca de 3 ou 4 centímetros.

Durante esse período, as larvas percorrem as cavernas escuras e úmidas em que vivem, em busca de um local adequado para construir suas redes, que consistem em uma série de fileiras penduradas no teto, cheias de gotículas pegajosas de aparência cristalina.

A larva fica nessa estrutura e emite uma luz azulada através do abdômen. A luz atrai o resto dos artrópodes da caverna, que, como é característico, vão em sua direção. No entanto, os artrópodes não veem a rede pegajosa do verme e ficam presos. Depois disso, o verme só precisa coletá-los e devorá-los.

Embora esses invertebrados não sejam parentes dos vaga-lumes, os insetos luminosos mais famosos compartilham o mesmo mecanismo de produção de luz, por meio da luciferina e da luciferase. Isso significa que as mesmas reações químicas evoluíram várias vezes de forma independente.

 

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2. Larva do besouro Phrixothrix hirtus

Novamente, esses vermes são, na verdade, larvas de insetos. Nesse caso, não insetos são dípteros, e sim coleópteros (besouros) da família Phengodidae. Esses vermes são excepcionais porque podem produzir dois tipos diferentes de luz. Por um lado, geram uma luz vermelha na cabeça, algo único entre os coleópteros.

Por outro lado, possuem duas filas de pontos luminosos ao longo das laterais do corpo do animal. Na espécie Phrixothrix hirtus esses pontos produzem luz amarela, enquanto na Phrixothrix viviani, emitem cores verdes. Nenhum outro besouro no mundo é capaz de produzir essa variedade de cores.

Um estudo recente indica que esses vermes que brilham no escuro produzem essas cores tão diferentes graças a modificações em suas luciferases, enzimas que são parte integrante do sistema de produção de luz.

3. O verme aquático Odontosyllis enopla

Esses invertebrados nada têm a ver com os anteriores, pois são poliquetas, um grupo de anelídeos cujos membros contam cm um par de apêndices em cada um dos numerosos segmentos do corpo. Esses vermes são conhecidos por seus belos e fascinantes rituais reprodutivos, nos quais a bioluminescência desempenha um papel crucial.

Em coordenação com os ciclos da lua, os Odontosyllis sofrem modificações fisiológicas, anatômicas e comportamentais. Esses animais transformam seus apêndices para nadar melhor, hipertrofiam seus quatro olhos e modificam seus órgãos excretores (nefrídios) para armazenar gametas.

Entre 3 e 5 dias após a lua cheia, 55 minutos após o pôr do sol, as fêmeas deixam seu habitat no fundo do mar. Elas nadam em massa para a superfície, onde adotam uma trajetória circular e começam a liberar seus gametas, junto com uma substância mucosa que emite luz verde-azulada.

Ao ver essa luz, os machos nadam vigorosamente em sua direção enquanto emitem breves clarões de luz intermitente. Ao alcançá-las, eles começam a liberar seus próprios gametas, a fim de permitir a fertilização externa. Esse processo leva cerca de 10 a 20 minutos e é bastante regular e previsível. Depois dele, os poliquetas retornam ao fundo do mar e retomam suas vidas anteriores normalmente.

4. O verme bombardeiro Swima bombiviridis

Esse último exemplo é muito interessante, pois mostra um uso diferente para a bioluminescência. O poliqueta Swima bombiviridis, assim como alguns de seus congêneres, conta com estruturas esféricas próximas à sua cabeça. Essas formações são semelhantes a simples balões (cheios de líquido) e parecem vir de guelras modificadas.

Essas estruturas não servem para caçar ou reproduzir, mas como defesa. Quando esses vermes enfrentam uma ameaça, eles são capazes de separar as esferas de seu corpo, que às vezes são chamadas de ‘bombas’. Quando lançadas, essas bombas explodem em um clarão de luz intensa, que dura alguns segundos e depois desaparece.

Isso permite que os vermes escapem dos predadores com a ajuda de seus grandes apêndices semelhantes a remos. Quando as bombas acabam, os vermes podem desenvolvê-las novamente em pouco tempo.

 

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A bioluminescência é um fenômeno muito marcante. Seu estudo é fascinante e permite descobrir moléculas com usos incríveis na biomedicina. Esses pequenos vermes que brilham no escuro podem salvar vidas, com um pouco de ajuda da ciência moderna.


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