O repouso dos peixes: dormindo com um olho aberto
Escrito e verificado por a bioquímica Luz Eduviges Thomas-Romero
O repouso dos peixes é um assunto sobre o qual se conhecem poucos dados, e muitas vezes surge a questão de saber se os peixes realmente conseguem dormir. A resposta curta é sim, e a maioria dos peixes dorme. Devido ao fato de a maioria dos peixes não ter pálpebras, eles não fecham os olhos quando dormem como os mamíferos.
A função do repouso dos peixes
Várias investigações científicas mostraram que o repouso dos peixes desempenha um papel restaurador e de economia de energia. O peixe descansa dia e noite de forma intercambiável. Contudo, descansar para os peixes funciona de maneira diferente do que para vertebrados superiores.
Os peixes, mesmo em repouso, permanecem alertas ao perigo. Podemos dizer que os peixes aprenderam a dormir com o olho “aberto”.
Como em tudo na vida, há exceções. Por exemplo, o bodião-papagaio (Bodianus rufus) dorme tão profundamente que você pode levantá-lo para a superfície da água antes de o animal manifestar qualquer resposta.
Outro exemplo curioso é ilustrado por algumas espécies de peixes-papagaio, que levantam sua própria ‘rede mosquiteira’ para se proteger dos parasitas, predadores e conseguir dormir em paz.
O sono é um fenômeno universal
Universalmente, é aceito que as transições cíclicas da atividade do sono estão sujeitas a mecanismos de controle do cérebro. Embora não haja dúvida de que o descanso é essencial para o equilíbrio fisiológico do organismo, os mecanismos específicos pelos quais o sono atua na fisiologia não foram divulgados.
Estudos evolutivos mostram que os animais de sangue frio não têm ciclos verdadeiros de sono e vigília. Eles apresentam transições cíclicas entre repouso e atividade que são determinadas por fatores ambientais.
Até agora, os especialistas realizaram exames de eletroencefalograma em animais que não possuem um córtex cerebral desenvolvido – como é o caso das tartarugas, dos lagartos e dos peixes – sem conseguir encontrar nenhum padrão de atividade cerebral que possa estar associado ao estado de repouso.
O sono como um processador de imagem
Estudos científicos mostraram que a atividade cerebral para processar informações visuais é maior do que a envolvida para processar outras modalidades de informações sensoriais.
Postulou-se que, nos tempos antigos, os animais que não dormiam desenvolviam comportamentos complexos que exigiam grande capacidade visual.
O processamento dessas informações começou a saturar a capacidade neuronal da vigília e, consequentemente, desenvolveriam ciclos de atividade do sono. Portanto, o sono pode ter evoluído como um mecanismo para ‘redefinir’ os circuitos cerebrais.
Peixes insones
Os cientistas têm uma teoria de que os peixes que não dormem não precisam disso, porque não precisam processar informações visuais. Consistente com essa teoria, os peixes cegos que vivem em cavernas no fundo do mar nunca dormem.
Outros peixes insones que têm visão focal, como o atum e o tubarão, vivem em habitats oceânicos de águas abertas, com poucas características visuais a serem registradas. Como resultado, seu cérebro, que coleta poucos dados visuais, não precisa descansar para processá-los.
Como reconhecer o repouso dos peixes
- O peixe descansa à noite ou durante o dia de forma intercambiável. Em certas espécies, é comum que eles procurem rochas ou plantas para permanecerem protegidos.
- É comum colocarem a barbatana traseira ou inferior no fundo do mar. Assim, a barbatana atua como uma espécie de âncora, impedindo que a corrente do mar o arraste.
- Pode acontecer de o peixe emitir ruídos para manter os predadores afastados. É o caso dos roncadores.
- Eles podem descansar no fundo do mar. De lá, eles sobem periodicamente para respirar sem precisar acordar. Isso é possível graças à bexiga natatória.
- Algumas espécies de peixes são capazes de mudar a cor das escamas quando dormem, para não ficarem tão chamativos diante de eventuais inimigos durante o sono.
O sono é um processo tão complexo que deve necessariamente cumprir uma função vital. Se, em algum momento da evolução, o sono era uma opção, a história nos aponta a vantagem de dormir, pois os animais que dormem são predominantes na natureza.
Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.
- Ayala Guerrero, F., & Mexicano, G. (2008). Filogenia del sueño: de invertebrados a vertebrados. Revista Médica de la Universidad Veracruzana, 8(S2), 37-45.
- Kavanau, J. L. (1997). Origin and evolution of sleep: roles of vision and endothermy. Brain research bulletin, 42(4), 245-264.
- Sigurgeirsson et al. (2013). Dinámicas de sueño y vigilia bajo condiciones de luz extendida y de oscuridad extendida en el pez cebra adulto. Behavioral Brain Research 256: 377–390. doi: 10.1016 / j.bbr.2013.08.032.
Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.