Logo image
Logo image

Tartaruga-de-esporas-africana: habitat e características

6 minutos
O Mali, país da África Ocidental, é o que registra o maior número de exportações para a comercialização da tartaruga-de-esporas-africana, que em 1996 atingiu um total de 1313 exemplares.
Cesar Paul Gonzalez Gonzalez

Escrito e verificado por o biólogo Cesar Paul Gonzalez Gonzalez

Última atualização: 10 junho, 2023

A tartaruga-de-esporas-africana é uma das maiores espécies que existem. Está adaptada à vida em ambientes extremamente quentes, com habilidades que lhe permitem evitar a perda de água. Além disso, é um réptil gigante, especializado em sobreviver nos limites de um dos desertos mais famosos.

Formalmente, o nome científico dessa tartaruga é Centrochelys sulcata, um réptil sauropsídeo pertencente aos quelônios (testudíneos). Saiba mais sobre esse gigante da África neste artigo.

Habitat da tartaruga-de-esporas-africana

A distribuição desse réptil cobre o sul do Saara, desde o Senegal até o leste do Sudão, ao longo da faixa de Sahel. Consequentemente, ele está localizado em uma faixa que atravessa todo o continente africano, do Oceano Atlântico ao Mar Vermelho. Além disso, essa área é conhecida como uma região de transição entre as dunas do deserto e a vegetação.

Os habitats em que essa tartaruga se desenvolve são áridos e com solos arenosos, com temperaturas bastante elevadas. Nesses locais, as chuvas são escassas, então é necessário lidar com o calor de uma maneira particular. Para isso, ela cava tocas a fim de resistir aos longos períodos de estiagem, mas também às noites geladas em seu ambiente.

Características físicas

Essa tartarugas é reconhecida como uma das maiores do mundo, perdendo apenas para as tartarugas de Galápagos. O comprimento de sua concha pode chegar a 85 centímetros, enquanto seu peso ultrapassa os 80 quilos.

A silhueta da carapaça desse quelônio é oval, achatada no dorso e com bordas serrilhadas. Embora a forma de seus escudos seja plana, as margens são dobradas quase horizontalmente, o que lembra a base de um chapéu. Nessa região do dorso, a cor predominante é o castanho.

Por outro lado, as placas de seu ventre (plastrão) apresentam divisões bem definidas, com marcas de crescimento e tons de marfim. Além disso, sua pele é bastante espessa e de cor amarela, mas com certos tons de marrom, que combinam com seu ambiente natural.

Essa tartaruga tem um par de esporões nas patas traseiras, uma característica particular e distinta. São protuberâncias que saem da pele, muito semelhantes a um “osso”, e por isso esse quelônio é chamado de “tartaruga-de-esporas”.

 

Some figure

Alimentação da tartaruga-de-esporas-africana

Essa tartaruga terrestre consome a pouca vegetação do seu habitat, razão pela qual é considerada um fitófago. Além do mais, esse comportamento a ajuda a sobreviver, pois graças a essas plantas ela pode se hidratar e armazenar água. Alguns dos grupos que compõem sua dieta são gramíneas, cucurbitáceas e tâmaras.

Essa é uma das espécies que promovem a manutenção da vegetação em ecossistemas pobres e áridos. A função da tartaruga-de-esporas-africana em seu ambiente é se alimentar dessas plantas, para que, ao defecar, suas fezes sirvam de fertilizante para as sementes ingeridas. Dessa forma, os vegetais conseguem se regenerar, sobrevivendo a solos com poucos nutrientes, característicos desse ambiente.

Reprodução da tartaruga-de-esporas-africana

Os machos desse quelônio atingem a maturidade sexual quando a carapaça alcança 35 centímetros de diâmetro. Por outro lado, a época de acasalamento ocorre entre setembro e novembro, aproveitando a época das chuvas. No entanto, isso não é uma restrição, uma vez que muitos espécimes podem copular durante o resto do ano, dependendo das condições ambientais.

Embora não seja um cortejo complexo, as tartarugas-de-esporas-africanas machos atraem a atenção da fêmea, andando em círculos ao seu redor e batendo em sua carapaça. Nesse momento, os machos ficam bastante agressivos com seus congêneres do mesmo sexo, o que pode levar a lutas duras e sangrentas.

Após a cópula, o corpo da fêmea começa a produzir ovos e ela tem que reduzir a quantidade de comida que ingere. Além disso, instintivamente ela procura um bom lugar para fazer sua toca, cavando sozinha um buraco de 14 centímetros de profundidade. Além do mais, os primeiros locais podem não se mostrar convincentes, o que a levará a repetir esse processo, geralmente mais 4 ou 5 vezes até escolher o certo.

Finalmente, ao encontrar o local perfeito, a mãe põe de 15 a 30 ovos no ninho para iniciar o processo de incubação, que durará cerca de 8 meses. Nesse ponto, a fêmea apenas cobre seus ovos para protegê-los, mas não fornece cuidados parentais formais.

Como acontece com os crocodilos, o sexo desse réptil é determinado pela temperatura de incubação. Isso significa que os ovos chocados em temperaturas mais frias dão origem a machos, enquanto os ovos chocados em temperaturas mais quentes dão origem a fêmeas.

Comportamento

Esses quelônios são bastante agressivos, até mesmo desde o momento em que eclodem dos ovos, quando batem uns nos outros para tentar se virar. De fato, várias dessas lutas terminam com cabeças e pescoços sangrando, especialmente durante a época de reprodução.

Essa espécie gosta de cavar muito e está bem adaptada para isso, pois usa esse recurso para escapar do calor inclemente. Por isso, os exemplares precisam se preparar para evitar a desidratação, refugiando-se nos buracos que cavam, a fim de manter a temperatura corporal e se proteger do sol. Além disso, por essa razão, essas tartarugas ficam mais ativas ao anoitecer ou ao amanhecer.

Estado de conservação

A população desse animal está em declínio, o que significa que pode correr o risco de desaparecer. De acordo com a União Internacional para Conservação da Natureza, essa espécie está listada como ameaçada. Isso se deve aos problemas enfrentados tanto pelo próprio réptil quanto por seu habitat.

Em geral, os obstáculos que impedem o desenvolvimento dessa tartaruga são os seguintes:

  • Perda de habitat: a área em que esse quelônio está distribuído enfrenta sérios problemas relacionados ao desmatamento, à agricultura e à urbanização, o que dificulta a sobrevivência da espécie. Além disso, esses mesmos fatores têm causado a fragmentação de suas populações.
  • Caça (consumo): devido às condições socioeconômicas da população local, a carne desse réptil é destinada ao consumo humano.
  • Comércio: devido a alguns costumes e crenças, esses animais são exportados para a fabricação de remédios que supostamente aumentam a longevidade. Além disso, também é famoso entre os fãs de répteis, sendo vendido como animal de estimação em vários locais.

Perspectivas

A tartaruga-de-esporas-africana é um belo réptil de tamanho incrível que corre o risco de desaparecer. Embora seu declínio pareça distante, a situação dessa espécie não é boa, pois ela enfrenta obstáculos socioeconômicos e políticos de difícil solução. O único ponto positivo nisso é que ela é capaz de se reproduzir em cativeiro, então ainda há esperança para sua conservação.

Contudo, o desaparecimento de uma espécie de seu ambiente natural é um evento catastrófico para o ecossistema, pois cria um desequilíbrio que não é fácil de corrigir. Cada espécie tem um papel na natureza e todas são importantes. Por isso, o que devemos almejar é o equilíbrio ecológico com desenvolvimento sustentável, ou seja, aprender a conviver com as outras espécies.


Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.


  • Merchán-Fornelino, M., Coll-Montón, M., & Fournier-Zepeda, R. (2002). Crecimiento de la tortuga de espolones Geochelone sulcata Miller, 1779 (Testudines: Testudinidae) durante el primer año de vida. Brenesia., (57/58), 151-156.
  • Merchán, M., Coll, M., & Fournier, R. (2005). Macromorfometría de juveniles de Geochelone sulcata (Testudines: Testudinidae) en Costa Rica. Revista de Biología Tropical53(1-2), 213-225.
  • Ritz, J., Griebeler, E. M., Huber, R., & Clauss, M. (2010). Body size development of captive and free-ranging African spurred tortoises (Geochelone sulcata): high plasticity in reptilian growth rates. The Herpetological Journal20(3), 213-216.
  • Ligon, D. B., Bidwell, J. R., & Lovern, M. B. (2009). Incubation temperature effects on hatchling growth and metabolic rate in the African spurred tortoise, Geochelone sulcata. Canadian Journal of Zoology87(1), 64-72.
  • Casimire‐Etzioni, A. L., Wellehan, J. F., Embury, J. E., Terrell, S. P., & Raskin, R. E. (2004). Synovial fluid from an African spur‐thighed tortoise (Geochelone sulcata). Veterinary clinical pathology33(1), 43-46.
  • Petrozzi, F., Hema, E. M., Luiselli, L., & Guenda, W. (2016). A survey of the potential distribution of the threatened tortoise Centrochelys sulcata populations in Burkina Faso (West Africa). Tropical Ecology57(4), 709-716.
  • de Buruaga Blázquez, A. S., & San Pedro, Z. (2018). Restos prehistóricos de tortuga de espolones africana en la franja desértica entre el Sahara Occidental y Mauritania. Sautuola: Revista del Instituto de Prehistoria y Arqueología Sautuola, (23), 447-459.
  • Avanzi, M., & Millefanti, M. (2019). El gran libro de las tortugas. Parkstone International.

Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.