Urso-malaio: a menor espécie de urso do mundo

Graças às temperaturas tropicais, o urso-malaio não precisa de época de acasalamento, podendo se reproduzir em qualquer época do ano.
Urso-malaio: a menor espécie de urso do mundo
Cesar Paul Gonzalez Gonzalez

Escrito e verificado por o biólogo Cesar Paul Gonzalez Gonzalez.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

Presente na Ásia, principalmente na floresta tropical da Malásia, o urso-malaio (Helarctos malayanus) é um tipo de urso bastante peculiar. Apesar de pertencer à família dos ursídeos – como qualquer outro urso – seu tamanho é consideravelmente pequeno, ainda menor do que um ser humano médio.

Em todo caso, aconselhamos não desprezar esse animal por seu tamanho. Pelo contrário, aproveite essa oportunidade para conhecê-lo, pois com certeza você vai adorar.

As características do menor urso

O urso-malaio tem uma pelagem preta característica, com pequenos destaques laranja-amarelados perto do focinho. No peito, apresenta uma mancha característica em forma de ferradura, motivo pelo qual também é chamado de urso-do-sol. Seu tamanho varia de 1,2 a 1,5 metros: em comparação com o urso-polar (Ursus maritimus) que mede no máximo 3 metros, é bem pequeno.

Fisicamente, esse animal apresenta algumas diferenças em relação aos outros ursos, como as orelhas – que são bem pequenas – e o rabo, que quase não existe. O focinho é um pouco reduzido, mas as pernas e o pescoço são bastante alongados. Além disso, para comer, esse urso tem duas grandes armas: as garras e a língua.

O rosto de um urso-malaio.

Onde vive?

Esse pequeno ursídeo vive em climas tropicais, portanto, temperaturas de 25 a 30 graus Celsius são comuns para ele. Espécimes foram avistados na península da Malásia, de Sumatra e de Bornéu, no entanto, também já foram vistos no Camboja, na Tailândia e na China. Dentro dessa mesma espécie, duas subespécies são identificadas:

  • Helarctos malayanus euryspilus.
  • Helarctos malayanus malayanus.

Dessas duas variantes taxonômicas, uma é exclusiva de Bornéu: Helarctos malayanus euryspilus, que tem seu crânio ainda menor do que o das subespécies às quais é comparado. Por que são subespécies? Na verdade, habitar sozinhos a ilha de Bornéu e ter o crânio fisicamente menor é o suficiente para classificá-los como diferentes.

Com o tempo, espera-se que ocorram mais mudanças e no final acabem sendo duas espécies diferentes. Um exemplo perfeito do que a evolução pode fazer.

O urso sobe em árvores

Graças às suas garras fortes, esse mamífero é capaz de subir facilmente em árvores, o que lhe dá uma vantagem na obtenção de alimento. Por causa disso, é mais fácil para esses ursos passar o dia inteiro em uma árvore do que caminhar.

Os ursos-malaios preferem organizar ninhos no topo das árvores para facilitar seu descanso: como para qualquer outro ursídeo, o cochilo é essencial. Além disso, esse costume permite que eles alcancem frutas, colmeias ou qualquer outro ninho de inseto com relativa facilidade.

Come tudo que consegue

O urso-malaio é uma espécie onívora, por isso come tudo o que pode: pequenas aves, roedores, pequenos répteis, frutas, bagas, sementes, algumas flores e mel. Graças à flexibilidade do seu pescoço e ao comprimento da língua – quase 30 centímetros -, não existem barreiras que o impeçam de alcançar o alimento.

Durante o dia ele apenas descansa e dorme, mas conforme escurece torna-se mais ativo. Seus hábitos noturnos permitem que ele se mova em temperaturas bastante estáveis e calmas. Além disso, por não ter uma visão excelente, é guiado principalmente pelo olfato, o que o torna um caçador eficaz no escuro.

Como esses mamíferos vivem em temperaturas bastante altas, eles não precisam hibernar, então comem apenas o que é necessário. Essa é uma das razões pelas quais eles não são tão grandes ou pesados. Ainda assim, eles podem pesar até 80 quilos, o que não é desprezível.

Um urso valioso

Infelizmente, e devido às ações do homem, esse animal foi afetado e é considerado uma espécie vulnerável. As principais razões para isso se devem a 3 fatores: desmatamento, medicina tradicional chinesa e caça recreativa.

  • O desmatamento é produto do aumento das áreas de cultivo. A situação econômica da área faz com que a destruição do habitat das espécies seja priorizada, para atender às necessidades da população.
  • A medicina tradicional usa a bile de urso para tratar dores típicas, como irritação de garganta, entorses, epilepsia, febre e inflamação, fazendo com que seja caçado por causa desse precioso elemento.
  • A caça recreativa é um dos fatores mais fortes na redução da população, já que a população local, na tentativa de melhorar sua situação, opta por oferecer passeios de caça aos turistas. E o problema não para apenas por aí, já que os filhotes órfãos dos ursos-malaios costumavam ser vendidos como animais de estimação.
Um urso-malaio subindo em árvore.

Por sua vez, o governo chinês impôs restrições à exploração dessa espécie, mas os esforços ainda não são suficientes. Infelizmente, frear o extermínio de um animal tão profundamente enraizado na cultura é muito difícil nesse ponto.

A região onde esse urso vive, a economia dos núcleos rurais, as tradições e seus habitantes são fatores que dificultam o sucesso das medidas. Embora pareça distante, o perigo de desaparecimento do urso malaio continua presente e aumenta a cada dia.


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