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Os animais mais perigosos da América Latina

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A América Latina é a região número um em biodiversidade no mundo, caracterizada por sua variedade de espécies de fauna e flora. Em seus territórios podemos encontrar os animais selvagens mais letais e perigosos para o ser humano.
Os animais mais perigosos da América Latina
Sebastian Ramirez Ocampo

Escrito e verificado por veterinário e zootécnico Sebastian Ramirez Ocampo

Última atualização: 09 julho, 2023

A América Latina abriga aproximadamente 60% dos animais terrestres e aquáticos do mundo. Países como Brasil e Colômbia possuem 15% e 10% da biodiversidade mundial, respectivamente. Embora em certas áreas ainda existam espécies não identificadas, como é o caso da Amazônia, sabe-se que certos animais representam uma ameaça real à vida de uma pessoa.

No artigo a seguir, mostraremos os animais mais perigosos da América Latina, classificados pelo número de mortes humanas que causam em um ano.

1. Aranha errante brasileira

Esse gênero de aracnídeos, também conhecido como Phoneutria, é composto por 8 espécies diferentes que são consideradas as aranhas mais venenosas do mundo.

De acordo com várias investigações, foi determinado que algumas espécies podem matar um pequeno mamífero com apenas 0,006 mg de sua neurotoxina. Além disso, são grandes artrópodes, atingindo comprimentos de até 17 cm. Caracterizam-se por seu temperamento forte, já que costumam ser bastante agressivas e hostis diante de qualquer ameaça.

Sua dieta é baseada em répteis, anfíbios e insetos, embora possa caçar alguns mamíferos, como ratos. Estão distribuídas em áreas de selva da América do Sul, em países como Brasil, Colômbia, Peru e Venezuela.

2. Anaconda

Catalogada como a maior cobra do mundo, esse magnífico animal pode medir mais de 10 metros de comprimento e atingir pesos superiores a 2 toneladas. Embora não tenha veneno, essa cobra caça suas presas usando o método de constrição, que consiste em sufocar e pressionar a caixa torácica de sua presa até sufocá-la. Sua alimentação é puramente carnívora, incluindo grandes e pequenos mamíferos, aves e outros répteis em sua dieta.

Com grande capacidade de natação, prefere caçar suas presas na água, já que em terra se torna um pouco lenta. Embora seu ataque a humanos não seja instintivo, são animais perigosos, pois foram relatados casos em que devoraram completamente uma pessoa. Geralmente habita florestas tropicais, pântanos e savanas em países como Venezuela, Brasil e Colômbia.

3. Tubarão-cabeça-chata (Carcharhinus leucas)

O tubarão-cabeça-chata, também conhecido como tubarão-do-zambeze, está distribuído em todas as águas tropicais do planeta. Na América Latina podemos encontrá-lo na Amazônia, no Lago Cocibolca, na Costa Rica e no Atlântico, desde as Antilhas, Colômbia e Venezuela até o Brasil.

Esse tubarão pode ser de cor cinza claro ou escuro, clareando para uma cor branca na barriga. Há relatos de encontros com tubarões-cabeça-chata com quatro metros de comprimento e peso acima de 300 quilos.

Seu comportamento é agressivo, além de ser um caçador ativo. Alimenta-se de peixes ou outros animais como golfinhos, tartarugas e pássaros. O tubarão-cabeça-chata possui uma particularidade que o torna único dentro de sua espécie, que é sua capacidade de entrar e permanecer por longos períodos em água doce. Ele consegue fazer isso graças à retenção e regulação de sal que faz através de glândulas especializadas, dos rins e do fígado. São considerados animais altamente perigosos para os seres humanos.

4. Abelha assassina

O aparecimento da abelha assassina na América remonta à década de 1950, quando vários apicultores trouxeram abelhas rainhas do continente africano para o Brasil. Isso com o objetivo de melhorar as taxas de produção.

O cruzamento entre as abelhas rainhas e as domésticas da época, resultou em um híbrido com informações genéticas das abelhas europeias e africanas. Esse cruzamento resultou em insetos mais fortes, resistentes e agressivos. Infelizmente, esses híbridos escaparam e se espalharam rapidamente pelas Américas.

Essas abelhas costumam atacar rapidamente quando perturbadas, seguindo sua vítima até quatrocentos metros de distância da colmeia. Podem ser animais perigosos, pois sua mordida pode ser letal para uma pessoa hipersensível. Por outro lado, se um ser humano normal levar picadas suficientes, pode desenvolver sintomas anafiláticos e morrer.

5. Uruto

A urutu, ou cruzeira, é uma cobra de tamanho médio, com um corpo robusto que pode chegar a 1,5 metros de comprimento. Sua coloração é marrom-escura com diferentes manchas ao redor do corpo. É um animal noturno que costuma caçar pequenos roedores, como ratos. Geralmente habita áreas rochosas e úmidas, embora também possa ser encontrado em campos e plantações.

É altamente tóxico e conhecido por causar um grande número de acidentes ofídicos em países da América Latina, como o Brasil. Está distribuído principalmente no sul do Brasil, bem como no norte do Paraguai e da Argentina.

6. Crocodilo-americano

O crocodilo-americano é um dos maiores répteis do reino animal, atingindo comprimentos de até 6 metros e peso de 500 quilos. Sua cabeça é estreita e longa, com um corpo provido de escamas duras e de cor clara. A dieta consiste principalmente de mamíferos, aves e peixes.

Está distribuído na América Latina, principalmente na Venezuela e no Peru. Em outros países da região, seus números foram reduzidos devido à caça indiscriminada. Essa situação fez com que o crocodilo-americano fosse declarado como uma espécie em extinção.

Embora existam poucos casos relatados de ataques a humanos, os encontros com esse animal podem ser perigosos e fatais.

7. Morcego-vampiro

Reconhecido por ser o único mamífero voador que se alimenta exclusivamente de sangue, o morcego-vampiro é um pequeno animal de pelo curto e áspero. Apresenta adaptações morfológicas específicas para a alimentação, como seu focinho achatado e seus dentes especializados.

De hábitos noturnos, durante o dia costuma se refugiar em troncos vazios ou cavernas, formando colônias que podem variar de 100 a um milhão de indivíduos. À noite sai para se alimentar do sangue de animais vertebrados. Tem predileção pelo sangue de gado, embora tenha sido relatado que se alimenta de galinhas em alguns lugares.

Sua alimentação deve ser constante, pois pode morrer de fome em um período de 48 horas. Esse animal é realmente perigoso para os humanos, pois sua mordida pode causar a transmissão de doenças fatais, como a raiva. Está distribuído em várias áreas do México, Chile, Argentina e Uruguai.

8. Percevejo assassino

Os percevejos assassinos são insetos pertencentes à família dos redúvidos, que inclui um total de 7 mil espécies de heterópteros. Eles têm uma cabeça alongada, pescoço estreito, pernas longas e um bico proeminente. Geralmente medem entre 4-40 mm de comprimento.

Eles costumam se alimentar de outros insetos, injetando neles através do bico uma saliva letal que os liquefaz por dentro para depois serem absorvidos. Esses animais estão distribuídos na maioria dos países da América Latina, entre pastagens e lavouras.

Esses pequenos insetos podem ser realmente perigosos para os seres humanos, pois sua picada é muito dolorosa e gera reações alérgicas graves. No entanto, o risco real está na transmissão de um parasita conhecido como Trypanosoma cruzi, que causa a doença de Chagas mortal em humanos.

9. Família Dendrobatidae

Os sapos dessa família de anfíbios, que compreende cerca de 100 espécies atualmente reconhecidas, são de tamanho reduzido, com média de 50 mm na fase adulta. A maioria costuma exibir cores vivas e fortes, como forma de ameaçar qualquer predador, técnica conhecida como coloração aposemática.

Alimentam-se principalmente de insetos como grilos, formigas ou besouros. São endêmicos da América Central e do Sul, com maior presença em países como Colômbia e Brasil.

É precisamente na Colômbia que se encontra um dos sapos venenosos mais importantes dessa família, a espécie Phyllobates terribilis. Endêmica desse país, habita apenas uma pequena área de floresta tropical da região e é catalogada como o animal mais venenoso da terra, pois pode gerar veneno suficiente para matar dez homens adultos.

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10. Bothrops asper

As cobras dessa espécie têm uma cabeça triangular distinta. Elas são cinza-escuro, verde ou marrom. Apresentam um padrão de manchas bem característico da espécie, que são triângulos que se distribuem nos dois lados do corpo.

As fêmeas são geralmente maiores que os machos, excedendo-os em até 60 centímetros de comprimento na idade adulta. Estão distribuídas principalmente em países da América Central e do Sul, habitando florestas tropicais úmidas, espinhosas e tropicais decíduas.

Essa espécie de cobra é considerada uma das mais venenosas, pois devido ao seu comportamento agressivo e nervoso tem causado um grande número de casos de picadas. Esse é o caso em países como México ou Costa Rica, onde causa mais de 50% dos acidentes relatados por picada de cobra.

11. Mosquito

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Com mais de 3.500 espécies reconhecidas, os mosquitos são uma das famílias de insetos com maior presença no planeta, além de estarem distribuídos em 4 continentes. Esses pequenos voadores têm corpo fino e pernas alongadas, medindo não mais que 15 mm na fase adulta.

Devido aos seus hábitos alimentares, esses hematófagos são considerados o maior perigo à vida humana, já que são responsáveis pela morte de mais de 725 mil pessoas por ano, comparado a 50 mil mortes por ano causadas por serpentes. Sua letalidade está na transmissão de doenças através da picada. Um mosquito pode transmitir diversas patologias como malária, febre amarela, dengue, zika, chikungunya, entre outras doenças mortais.


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