Como nascem as baleias e como é sua reprodução?
Escrito e verificado por a biólogo Silvia Conde
Conhecemos as baleias e outros cetáceos marinhos através dos seus avistamentos, mas essa é apenas uma pequena parte da sua vida. O que acontece no resto do tempo nas profundezas do mar? Como é a reprodução das baleias? Como nascem seus filhotes?
As baleias são mamíferos marinhos. Como tal, elas se reproduzem na água, passando a fêmea por uma longa gestação e dando à luz um filhote que será amamentado durante um ano inteiro. Você quer saber mais sobre a reprodução desses animais? Continue a leitura.
Como é a reprodução das baleias?
Embora existam pequenas variações entre as diferentes espécies de baleias, quando machos e fêmeas atingem a maturidade sexual – entre 5 e 7 anos – ocorre a reprodução. As baleias têm fecundação interna e podem acasalar em determinada época do ano, quando as fêmeas estão receptivas, ou ao longo do ano todo.
Os órgãos genitais das baleias machos estão escondidos em uma “bolsa” em seu ventre. Essa é a razão pela qual quando estão nadando seu ventre parece “liso” e o típico pênis de mamífero não é observado. Porém, quando se excita e está prestes a acasalar, seu membro, que pode chegar a medir mais de dois metros, sai para permitir a cópula com sua parceira.
Além disso, são mamíferos polígamos cuja reprodução é realizada entre vários espécimes. Isso aumenta o sucesso reprodutivo e a variabilidade genética da espécie, pelo menos a longo prazo.
Por exemplo, no caso da baleia-franca-austral — ao contrário do que acontece com outras espécies — não há competição na procura de um parceiro e a fêmea pode acasalar com todos os machos de um grupo. A batalha ocorre no nível espermático: a mãe engravida do macho com maior qualidade de sêmen.
Existe o cortejo sexual nas espécies de baleias?
Também encontramos diferenças entre as espécies de baleias durante o cortejo sexual. Alguns casos podem parecer violentos, já que as lutas entre os machos acontecem batendo no oponente com suas barbatanas ou cabeça. Outras espécies são mais descontraídas, consistindo o cortejo sexual em cantos, chamados e fricções nas fêmeas.
Baleias-jubartes machos (Megaptera novaeangliae) são um bom exemplo de cortejo sexual através de cantos contínuos e mutáveis durante a época de reprodução. As ondas sonoras podem viajar muito longe e servir para sinalizar sua localização para as fêmeas. Essa habilidade não é usada apenas para acasalar, mas também como um excelente método de comunicação.
A cópula das baleias também é um fenômeno curioso, pois em muitas ocasiões participam 3 espécimes. Mais de uma vez foi possível registrar esse comportamento em indivíduos de baleias-cinzentas.
Existem várias teorias que tentam explicar essa interação. Alguns defendem que o terceiro indivíduo, um macho, teria a função colaborativa de garantir o acasalamento e não se reproduz, enquanto outras teorias defendem a cópula com vários machos sem agressão entre eles.
O acasalamento costuma ser rápido e, após a cópula, os envolvidos se separam e seguem seu caminho.
Como as baleias acasalam?
O processo é relativamente simples, pois o macho se vira e fica embaixo da fêmea para tocá-la com a barriga. Nesse momento, seu sistema reprodutor sai de sua cobertura e penetra na parceira para inseminá-la. Isso é feito enquanto ambos nadam lentamente ou quando estão quase estáticos no mesmo lugar.
Embora pareça simples, a cópula das baleias pode durar várias horas. Especialmente quando algumas fêmeas se recusam a acasalar e nadam para a superfície com a barriga para cima para evitar a cópula. Os machos lutam muito para conseguir que se virem, o que atrasa esse processo.
Gestação e amamentação em baleias
O período de gestação varia de 10 a 16 meses, dependendo da espécie de baleia. É uma gestação longa e ocorre na água. As baleias escolhem as águas mais quentes para dar à luz durante as migrações. Em cada ocasião, as fêmeas dão à luz apenas um filhote, o que significa que sua taxa de natalidade é bastante baixa.
A mãe ajuda o filhote a ir à superfície para respirar após o nascimento, permanecendo juntos durante o primeiro ano de vida. O tamanho de um filhote depende da espécie e do tamanho da mãe, mas, como regra geral, os filhotes têm cerca de 6% do peso corporal da fêmea adulta.
Durante o primeiro ano, os filhotes não podem ficar debaixo d’água por tanto tempo quanto os adultos, então eles precisam continuamente da ajuda de suas mães. A amamentação ocorre abaixo da superfície. Como os bebês baleias não conseguem respirar e se alimentar ao mesmo tempo, os períodos de amamentação tendem a ser curtos (5 a 8 meses).
O leite materno contém gordura suficiente —cerca de 45-60%— para permitir o crescimento do filhote, mesmo que a amamentação seja breve. No entanto, assim que os filhotes começarem a comer sozinhos, as mães os ajudarão a caçar comida.
Os filhotes chamam suas mães
A relação dos filhotes com suas mães é muito próxima. Em ambiente aquático e com possíveis predadores, é importante manter esse vínculo.
Os filhotes de baleia vivem com suas mães durante o primeiro ano de vida, nadando perto dela o tempo todo e se comunicando por chamados discretos e carícias. Esses chamados permitem que a mãe fique de olho em seu filhote, passando despercebidos por predadores como orcas ou outros machos que desejam acasalar com a fêmea.
Infelizmente, acredita-se que a poluição sonora no mar pode estar interferindo na comunicação entre as baleias.
Como você pode imaginar, o ciclo reprodutivo das baleias é bastante longo e lento. Por isso, a população desses animais corre perigo, já que sua taxa de natalidade é tão baixa que eles não conseguem se recuperar tão cedo. No caso desses mamíferos marinhos, eles precisam de pelo menos dois anos para poderem procriar novamente, o que dificulta muito a sobrevivência de sua espécie.
Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.
- Zoidis, A., & Lomac-MacNair, K. (2017). A note on suckling behavior and laterality in nursing humpback whale calves from underwater observations. Animals, 7(7), 51.
- Videsen, S. K., Bejder, L., Johnson, M., & Madsen, P. T. (2017). High suckling rates and acoustic crypsis of humpback whale neonates maximise potential for mother–calf energy transfer. Functional Ecology, 31(8), 1561-1573.
- Oftedal, O. T. (1997). Lactation in whales and dolphins: evidence of divergence between baleen-and toothed-species. Journal of mammary gland biology and neoplasia, 2(3), 205-230.
Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.