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Gavião-real: o maior gavião da América do Sul

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O gavião-real é a maior ave de rapina que vive na floresta amazônica. Devido ao seu tamanho, precisa de vastas áreas para poder satisfazer suas necessidades alimentares e atender suas condições especiais de reprodução.
Gavião-real: o maior gavião da América do Sul
Luz Eduviges Thomas-Romero

Escrito e verificado por a bioquímica Luz Eduviges Thomas-Romero

Última atualização: 21 dezembro, 2022

Harpia harpyja ou gavião-real é a maior e mais poderosa ave de rapina que vive nas florestas amazônicas. Cerca de 60 espécies de águias são conhecidas no mundo, dentre elas apenas duas vivem nos Estados Unidos e no Canadá e outras nove entre as Américas Central e do Sul. As espécies que compõem o restante do grupo são nativas da África e da Eurásia.

É interessante saber que seu nome vem das harpias da mitologia grega. As harpias foram originalmente descritas como belas mulheres aladas, filhas de Electra e Thaumante. Em geral, essa ave também é conhecida pelo nome de águia harpia e estima-se que possam viver de 25 a 35 anos.

Classificação taxonômica do gavião-real

É comum encontrar um panorama confuso na taxonomia dessas aves. No entanto, o advento das técnicas moleculares abriu o caminho para sua classificação. Atualmente, é reconhecido que três gêneros, Harpia, Morphnus e Harpyopsis constituem o mesmo clado.

É preciso notar que cada um desses gêneros possui apenas uma espécie. Além disso, as espécies Harpia harpyja e Morphnus guianensis compartilham a mesma distribuição geográfica e algumas características físicas. Por isso, é comum que sejam confundidas.

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O tamanho e a plumagem são as características mais proeminentes do gavião-real

Quanto ao tamanho corporal, pode variar de 89 a 102 centímetros, enquanto a envergadura pode chegar a dois metros na fêmea adulta. Em geral, os machos são menores, pesando entre 5 e 8 quilos em comparação às fêmeas, que atingem entre 7 e 9 quilos.

É típico da espécie que os adultos tenham a plumagem do manto, os escapulários, a parte externa das asas e o lombo de cor ardósia-preta ou cinza-escuro. A cauda é composta por longas penas cinzentas com barras horizontais pretas. Além disso, o peito, a barriga e os flancos são brancos ou cinza-claro com listras horizontais pretas.

A cabeça e as coxas são cinza-claro e o pescoço tem uma faixa escura. Uma crista bifurcada ou coroa de longas penas pretas que se espalham quando ameaçada se destacam nessa ave. Alguns especialistas sugerem que a coroa possa ser usada para focar o som, semelhante ao disco facial de uma coruja.

O gavião-real tem um bico preto ou cinza-escuro, as patas são amarelo-claras com poderosas garras pretas que podem ter de 7 a 12 centímetros de comprimento.

Características que facilitam a confusão do gavião-real com seu parente, o gavião-real-falso

Em primeiro lugar, é necessário destacar que, durante o desenvolvimento da ave, a plumagem do gavião-real sofre pelo menos quatro mudanças de cor até atingir a fase adulta. Na verdade, essas aves atingem a plumagem adulta completa após 4-5 anos de vida.

Assim, os mais novos deixam de ser filhotes inteiramente brancos e passam a ter o dorso cinza-creme e as asas com manchas pretas. No estado juvenil, eles têm uma cauda com 7-8 barras pretas e uma crista muito mais cheia do que a ave adulta.

O filhote de gavião-real-falso, por outro lado, é principalmente branco com asas mais escuras e se distingue do gavião-real pelo tamanho um pouco menor e forma mais fina, então pode ser fácil confundir as duas espécies.

Uma maneira de distingui-los é que a crista do gavião-real é mais longa e perceptível, claramente separada em dois pontos, com uma bifurcação no meio. Além disso, também é útil observá-los em voo: apenas o gavião-real exibe suas barras pretas e brancas nas asas.

A distribuição geográfica do gavião-real

Essas aves habitam florestas tropicais e subtropicais, planícies e colinas. Dada a constante intervenção dessas áreas na América Central e do Sul, a espécie se adaptou em algum grau à fragmentação do seu habitat.

Assim, o gavião-real é capaz de sobreviver em trechos isolados de floresta primária, floresta explorada seletivamente e floresta secundária, se esta oferecer algumas árvores grandes. Além disso, seu alcance normal é de 0-800 metros acima do nível do mar, mas já foi registrado em até 2000 metros acima do nível do mar.

A espécie é distribuída do sul do México e América Central, ao sul da Colômbia e Venezuela, e ao leste da Bolívia, Brasil, nordeste da Argentina e Paraguai. Os gaviões-reais ocupavam anteriormente o oeste da Colômbia e do Equador, mas foram expulsos dessas regiões.

O gavião-real é um poderoso predador

Essa ave de rapina tem uma dieta variada. Vários estudos sugerem que seu alimento preferido são os mamíferos arbóreos, como as preguiças. Também caça macacos, cutias, tatus e veados. Ele pode se alimentar de pássaros, como araras e outros papagaios, e de répteis, incluindo grandes lagartos e cobras.

Há relatos de que esse predador pode caçar presas que excedem seu próprio peso. Como a maioria dos caçadores, ajuda a manter as populações sob controle. Portanto, o gavião-real desempenha um papel importante no controle de mesopredadores, como os macacos-prego.

Traços comportamentais

O gavião-real é um predador diurno fortemente territorial, exigindo áreas de pelo menos 30 quilômetros quadrados para uma caça adequada. Além disso, esses pássaros formam pares monogâmicos que acasalam para o resto da vida. É comum observar casais com uma terceira águia juvenil: o filhote.

É preciso notar que essas aves usam vocalizações para se comunicarem entre si e durante os rituais de acasalamento. Elas costumam produzir vocalizações enquanto estão sentadas em poleiros, o que se acredita ser um comportamento territorial. Esse pássaro é incrivelmente hábil no voo, realizando manobras através do seu denso habitat na floresta.

Estado de conservação

O gavião-real está na Lista Vermelha da UICN como espécie quase ameaçada, com a observação de que a população está diminuindo. Em geral, a espécie já foi extirpada em áreas com grande atividade humana.

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Isso se deve principalmente à destruição do seu habitat devido à exploração madeireira e à agricultura. Além disso, nessa problemática está incluída a construção de obras como barragens e reflorestamento com espécies exóticas para a indústria madeireira. Outra ameaça é o comércio entre colecionadores e falcoaria.

Também houve relatos de gaviões-reais sendo caçado por fazendeiros, que veem essas aves como predadoras de gado. Estão sendo estabelecidos programas para educar fazendeiros e caçadores, a fim de aumentar a consciência e compreensão em relação ao gavião-real.


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