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Hirudo medicinalis: a sanguessuga medicinal

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A Hirudo medicinalis é um invertebrado, um anelídeo pertencente ao grupo das sanguessugas; em particular, esta é a espécie com os maiores benefícios terapêuticos conhecidos.
Hirudo medicinalis: a sanguessuga medicinal
Última atualização: 09 março, 2022

A Hirudo medicinalis é uma sanguessuga, um invertebrado, mais especificamente um anelídeo pertencente à família Hirudinidae. Esta espécie de sanguessuga tem sido amplamente utilizada na medicina ao longo da história.

Antecedentes

Os registros que mencionam o uso terapêutico das sanguessugas remontam às antigas civilizações do Egito, Grécia, Roma e Mesopotâmia. Durante a Idade Média, as sanguessugas também foram aplicadas em diferentes tratamentos.

Isso ocorria por causa da crença de que o corpo era composto por quatro humores: sangue, fleuma, bílis amarela e bílis negra. A alteração do equilíbrio entre os humores causaria diferentes patologias.

Assim, a eliminação do humor mais importante, o sangue contaminado, era essencial para restaurar o equilíbrio. Para isso, era feita a sangria, ou então era aplicada a terapia com sanguessugas.

Anatomia da Hirudo medicinalis

A Hirudo medicinalis é um verme hermafrodita segmentado pertencente ao grupo dos anelídeos e à família Hirudinidae. É esta espécie, das mais de 600 existentes, a mais valorizada no campo da medicina.

O comprimento que ela pode alcançar é de 12 centímetros quando alimentada. Se não tiver se alimentado, o seu tamanho é de um terço do que foi mencionado. Este animal se caracteriza por ter duas ventosas com capacidade de sucção.

As duas ventosas estão localizadas em posições diferentes: uma ventosa oral, pequena e móvel, com três mandíbulas, por onde ela suga o sangue. Em cada mandíbula, ela tem aproximadamente de 60 a 100 dentes, o que dá à mordida uma forma de ‘Y’.

Por outro lado, a ventosa remanescente, chamada de ventosa anal, é a que ela utiliza para se aderir em um primeiro momento, e também para se arrastar.

Componentes da saliva da Hirudo medicinalis

As glândulas salivares da Hirudo medicinalis secretam uma série de componentes que possuem propriedades terapêuticas diferentes. Entre eles, os seguintes podem ser mencionados:

  • Anticoagulantes. A substância principal é a hirudina, que inibe a ação coagulante da trombina.
  • Vasodilatadores. Diferentes substâncias semelhantes à histamina, entre outras, facilitam o fluxo sanguíneo porque causam a dilatação das artérias.
  • Anestésicos. A mordida é indolor por causa das substâncias anestésicas que a sanguessuga inocula.
  • Anti-inflamatórios.
  • Antimicrobianos. 
  • Enzimas proteolíticas. 
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Modo de utilização da Hirudo medicinalis

A terapia com sanguessugas é chamada de hirudoterapia. As sanguessugas são preservadas em frascos de vidro, fechados com uma compressa úmida, mantidos em um local fresco; eles não podem ser fechados hermeticamente.

Para manipular as sanguessugas, são usadas pinças de dissecação, segurando-as com um copo de vidro. Assim, o seu deslocamento é evitado e elas são mantidas no lugar ideal. A pele deve estar limpa e, se o verme não morder facilmente, ela deve ser impregnada com água com açúcar.

Após receber as sanguessugas, que se soltam quando estão cheias de sangue, uma serosidade flui através da incisão durante horas. Por isso, um curativo de algodão sem compressão é aplicado, sendo removido e substituído por outro no dia seguinte para observar a evolução.

Poucos dias depois, a área do hematoma apresenta uma melhora considerável. Caso a sanguessuga, embora cheia, não se solte, é aconselhável aplicar água salgada. Assim, é possível facilitar a sua liberação e evitar infecções ao tentar arrancá-la para a sua remoção.

As sanguessugas são de uso único. Uma vez utilizadas, devem ser confinadas e incineradas. Nenhum caso de infecção por mordida foi registrado.

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Patologias em cujos tratamentos a hirudoterapia já foi aplicada

Dentre as patologias que já foram tratadas com esta técnica com sanguessugas, destacam-se as seguintes:

  • Processos articulares inflamatórios.
  • Cirurgia plástica reconstrutiva.
  • Enxaqueca.
  • Trombose hemorroidária.
  • Eczema tópico crônico.

Uma história contada sobre os peregrinos que percorriam o Caminho de Santiago séculos atrás é a de que eles descansavam perto de lagoas e rios. Lá, eles se refrescavam e aplacavam o cansaço do caminho. Ali, eles tinham aliadas inesperadas.

As sanguessugas aliviavam os edemas e evitavam o aparecimento de doenças tromboembólicas.

Vantagens e contraindicações da hirudoterapia

A hirudoterapia não causa efeitos colaterais nem consequências negativas. Além disso, é segura e completamente indolor. Por outro lado, é necessário mencionar que existem várias contraindicações.

Entre as contraindicações, o seu uso em pacientes imunossuprimidos ou com insuficiência arterial não é aceito. Da mesma forma, o possível risco de infecção por Aeromonas hydrophila deve ser informado.

Esta bactéria tem uma relação simbiótica com a H. medicinalis – vive no seu intestino – e, em troca, secreta enzimas que facilitam a digestão do sangue.

Acima de tudo, a hirudoterapia só é usada nos casos em que absolutamente nenhuma outra solução pode ser encontrada. O paciente sempre deve ser informado e dar o seu consentimento.

Finalmente, é necessário destacar que o seu uso é unicamente intra-hospitalar.


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