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Jacaré-tinga: habitat e características

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Esse jacaré é muito perceptivo, pois usa o paladar, o tato, a audição e a visão para se comunicar com outros espécimes. Além disso, sua capacidade de detectar vibrações na água o ajuda a agir rapidamente para caçar suas presas.
Jacaré-tinga: habitat e características
Cesar Paul Gonzalez Gonzalez

Escrito e verificado por o biólogo Cesar Paul Gonzalez Gonzalez

Última atualização: 22 dezembro, 2022

O jacaré-tinga é uma espécie calma, mas perceptiva: pode permanecer imóvel até que sua vítima esteja ao alcance de um golpe fatal. Além disso, embora sejam muito semelhantes, os crocodilos e os jacarés pertencem a diferentes grupos evolutivos.

Esse réptil tem o nome científico Caiman crocodilus e faz parte da ordem dos Crocodilia, sendo parente de crocodilos e gaviais. Portanto, mantém a forma que caracteriza o grupo, com sutis diferenças. Continue lendo para aprender mais sobre esse jacaré.

Habitat do jacaré-tinga

A distribuição desse animal vai do México à América do Sul, com alguns exemplares introduzidos na América do Norte. Em geral, pode ser encontrado em países como Costa Rica, Brasil, El Salvador, Guatemala, Nicarágua, Peru, Trindade e Tobago, Honduras, Venezuela e Equador.

É uma espécie versátil, pois pode habitar tanto águas doces como ligeiramente salgadas (manguezais). São jacarés que preferem corpos d’água com movimentos lentos, como pântanos ou alguns rios. Além disso, também podem ser vistos tomando banho de sol nas margens dos canais.

 

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Características físicas

Esses jacarés não costumam ultrapassar 2,5 metros de comprimento, têm focinho largo e eixo ossudo no meio dos olhos, semelhantes aos dos óculos.

O formato desse réptil lembra bastante o dos dinossauros, com corpo áspero e escamoso, além de placas dérmicas ou espinhos ao longo do corpo. Seu nariz é alongado e em forma de U, uma característica que os diferencia de seus parentes crocodilos. As extremidades desse organismo estão inseridas nas laterais, por isso precisam rastejar para se mover.

Os filhotes da espécie exibem tonalidades amarelas, com algumas faixas escuras ao longo do corpo. Por outro lado, todos os espécimes adultos são verde-oliva escuro, pois perdem a cor clara à medida que amadurecem.

Alimentação do jacaré-tinga

Esses tipos de animais geralmente são carnívoros generalistas e passam a incluir presas maiores em sua dieta à medida que crescem. Entre suas presas estão insetos, caracóis, camarões, caranguejos, peixes, lagartos, cobras, tartarugas, pássaros e alguns mamíferos. Além disso, também é possível que comam animais da mesma espécie (canibalismo), mas isso só acontece quando há falta de alimentos.

Reprodução do jacaré-tinga

A época de reprodução ocorre durante as estações chuvosas, entre abril e agosto, dependendo do clima local. Tanto as fêmeas quanto os machos são polígamos e, portanto, podem copular com vários parceiros.

O ritual de cortejo envolve uma série de movimentos e ações do jacaré para atrair um parceiro. Eles fazem um mergulho circular perto de seus parceiros potenciais, no qual tocam suas costas, estômagos e batem com o nariz, tudo para convencer o outro. Ambos os sexos usam essas táticas, não apenas o macho.

Construção do ninho

Depois de acasalar, os jacarés constroem ninhos fora da água, perto da vegetação e da terra seca. Tanto a fêmea quanto o macho participam da construção, mas, uma vez finalizada, somente a fêmea cuidará do local. A nova mãe colocará entre 15 e 40 ovos, que ela cobrirá e protegerá até o nascimento.

Ocasionalmente, alguns pais continuam protegendo seu ninho, mas isso não acontece com frequência.

Incubação e eclosão dos ovos

O cortejo e a cópula ocorrem entre maio e agosto, e os ovos são postos entre julho e novembro. Com isso, o jacaré inicia o processo de incubação, que levará entre 65 e 104 dias. Nesse período, a temperatura de incubação dos ovos determinará o sexo dos filhotes, algo semelhante ao que ocorre no caso dos crocodilos.

Após a eclosão, as mães frequentemente ajudam seus filhotes a terminar de sair do ovo. Isso também inclui cavar e desmontar seu ninho, para que eles tenham espaço suficiente para sair ao mundo.

Espécimes jovens do jacaré-tinga

No momento em que deixam o ninho, os filhotes são cuidados e procurados por suas mães. Nesse ponto, os pequenos seguirão a mãe o tempo todo, mas não serão alimentados por ela, então terão que caçar para seu próprio alimento. Essa proteção durará apenas cerca de um ano e meio, após isso os jovens serão completamente independentes.

Alguns pais não os ignoram, mantendo algum cuidado com seus filhos. Na verdade, a maioria das fêmeas tende a viver protegida pelo território natural do macho e, além disso, os jovens passam a viver no local após sua independência.

Comportamento do jacaré-tinga

Essa espécie é solitária e muito territorial, embora em casos excepcionais possa viver em pequenos grupos. Os jacarés permanecem imóveis durante a maior parte do dia, embora possam responder rapidamente para capturar algumas presas. Além disso, quando o calor aumenta, eles entram na água e permanecem flutuando até que a temperatura diminua.

Quando estão na estação reprodutiva, são animais muito agressivos, então são criadas hierarquias dentro do grupo. Isso implica que os répteis maiores são aqueles com as melhores oportunidades de encontrar um companheiro, excluindo os jovens, que até mesmo se abstêm de participar.

Estado de conservação

Embora a princípio sua pele não fosse considerada de qualidade, com a redução da população de crocodilos, esse réptil passou a ser mais utilizado. Apesar disso, considera-se que as populações desse jacaré ainda são estáveis. Por esta razão, a União Internacional para a Conservação da Natureza a classificou como uma espécie pouco preocupante.

Devido às diferentes ameaças que esses répteis enfrentam, alguns governos locais implementaram leis para a conservação da espécie. Por exemplo, desde 1999 o México passou a regulamentar seu uso, controlando a exploração desse animal e promovendo sua conservação.

Ameaças ao jacaré-tinga

As principais ameaças que esse jacaré enfrenta são causadas pelos seres humanos. Dentre elas, destacam-se:

  • Destruição e fragmentação do habitat: devido à expansão das áreas urbanas e rurais, além das mudanças no uso do solo, por causa da agricultura, da pecuária, do desenvolvimento do turismo, etc.
  • Contaminação de corpos d’água: o lançamento de águas residuais em leitos de rios pode afetar a saúde desses répteis, aumentando sua mortalidade e deslocando-os das áreas.
  • Caça e comércio ilegal: suas peles são utilizadas para uso em diversos artigos, por isso têm valor nos mercados ilegais, fazendo com que espécimes sejam mortos indiscriminadamente.

Além disso, existe um conflito entre jacarés e humanos, pela sobreposição em algumas áreas de pesca de que certas comunidades precisam para subsistir. Por esse motivo, a percepção que se tem desse animal é negativa, fazendo com que poucas pessoas queiram auxiliar em sua conservação. Essa situação se complicou ainda mais por ataques contra humanos ao interagir com essa espécie.

Infelizmente, por não ser uma espécie graciosa ou bonita, as pessoas têm medo de encontrá-la. Isso significa que, quando as autoridades implementam ações de proteção, pouca gente apoia a causa. No entanto, é preciso lembrar que esses répteis estão apenas defendendo seu território, por isso, caso se sintam ameaçados, atacarão sem hesitar.

A prudência cabe a nós, que temos consciência das nossas ações.

 

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Esse jacaré não está em perigo, mas sua população corre o risco de diminuir. O bem e o mal não existe para os animais: eles não entendem suas ações e é necessário reconhecer que nós somos os invasores. A coexistência é possível, mas deve ser iniciada do lado humano.


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