Pinguim-rei: habitat e características
Escrito e verificado por o biólogo Francisco Morata Carramolino
Os pinguins são aves fascinantes. Nativos do hemisfério sul, eles perderam a capacidade de voar há milhares de anos, trocando-a por sublimes habilidades subaquáticas. Toda a sua anatomia é adaptada para nadar, permitindo que esses animais aparentemente desajeitados em terra se transformem em torpedos embaixo d’água.
Neste espaço, vamos falar sobre o pinguim-rei, cientificamente conhecido como Aptenodytes patagonicus. Essa espécie é um parente próximo do pinguim-imperador (Aptenodytes forsteri), com o qual divide algumas semelhanças. Na verdade, o pinguim-rei é o segundo maior pinguim que existe, atrás apenas do imperador.
Se você deseja saber mais sobre as características desse animal, o habitat em que ele vive e o seu estado de conservação, continue esta leitura com a gente.
Habitat do pinguim-rei
Embora a maioria das pessoas pense que os pinguins vivem apenas no gelo, isso não poderia estar mais longe da verdade. Quase todas essas aves habitam o hemisfério sul, mas apenas algumas vivem na gelada Antártica. Os pinguins-rei ocorrem em vários lugares próximos a esse local, chamados ilhas subantárticas.
Entre todos elas, existem populações reprodutoras nas ilhas Kerguelen e Crozet, que pertencem à França. Mas também podem ser encontrados espécimes nas ilhas Heard, McDonald e Macquarie, da Austrália, e no arquipélago sul-africano Príncipe Eduardo.
Além disso, há populações nas ilhas Geórgias do Sul, Malvinas, Sandwich do Sul e Shetland do Sul. A soberania desses territórios está em disputa entre vários países. Ademais, os pinguins-rei ocorrem no sul da Argentina e no Chile, embora essas populações não sejam reprodutivas.
É importante destacar que os territórios mais ocidentais da área de distribuição pertencem à subespécie A. patagonicus patagonicus. Por outro lado, os terrenos orientais são de A. p. halli. Essas subespécies são muito semelhantes, mas costumam não se reproduzir entre si.
Quando em terra, esses pinguins evitam áreas geladas ou com neve. Eles preferem vales com prados ou matagais, costas ou praias com ligeiras encostas. Geralmente, são encontrados perto da costa, mas às vezes podem ser vistos quilômetros de terra adentro.
Essas aves também passam uma porcentagem significativa de suas vidas no oceano. Elas fazem incursões para se alimentar, percorrendo longas distâncias.
Características físicas
O pinguim-rei é o segundo maior, atrás apenas do imperador. Atinge entre 80 e 90 centímetros de altura e pode pesar entre 14 e 16 quilos em seu estado adulto. Os machos são ligeiramente maiores do que as fêmeas, mas ambos os sexos são muito semelhantes em sua constituição.
Tanto o rei quanto o imperador diferem dos outros pinguins por seu tamanho, seu porte elegante, seu bico longo e fino e suas cores marcantes. As patas dessas aves são grossas e fortes, e a cauda é curta. As asas se transformaram em barbatanas e são relativamente finas, com formato característico e ponta romba.
Coloração
A. patagonicus tem a parte ventral (peito, barriga e face frontal das patas) completamente branca. A seção dorsal (pescoço, costas, cauda e face traseira das patas) é cinza-escuro prateado. Na conexão entre as partes brancas e cinza, aparece uma linha preta.
As asas também são cinza na parte externa. Na face interior são brancas, com uma mancha preta na ponta. Em suas margens, aparece a mesma linha preta.
A coloração mais interessante desse animal está na cabeça e arredores. A maior parte do crânio tem uma plumagem preta bem escura. Na região auricular, onde estariam as orelhas, há um semicírculo laranja amarelado muito vistoso.
Embaixo da cabeça, as linhas pretas laterais se encontram, formando triângulos cinza em cada lado do pescoço. Sob essa união, forma-se uma mancha do mesmo tom laranja amarelado, embora mais borrada. Enquanto a parte superior do bico é preta, a mandíbula inferior exibe essa bela coloração.
Completamente diferentes, os filhotes dessa espécie não apresentam o contorno estilizado e fusiforme de seus pais. Eles são um pouco mais baixos, mas mais largos do que os adultos. Apresentam uma plumagem mais desordenada e exibem uma cor marrom-escuro uniforme. O bico e as grandes patas são pretos.
Estado de conservação do pinguim-rei
Ao contrário de tantas outras espécies, a situação do pinguim-rei parece favorável. Essa espécie tem uma distribuição muito ampla, que se estende desde a América do Sul até a Nova Zelândia aproximadamente.
O pinguim-rei tem uma enorme população global, estimada em cerca de 1,1 milhão de pares. Além disso, essas aves estão experimentando um crescimento generalizado atualmente, exceto na seção mais ao norte de sua distribuição.
De acordo com esses critérios, a União Internacional para a Conservação da Natureza classificou essa espécie no estado “pouco preocupante” em 2020. Essa é a situação mais benigna possível dentro do sistema de classificação dessa organização.
Ameaças
Apesar disso, existem certas ameaças que podem prejudicar essa ave. A mais notável são as mudanças climáticas: embora os pinguins-rei não vivam no gelo, eles precisam de águas frias para caçar e se alimentar. Portanto, um aumento na temperatura dos oceanos pode deslocar ou eliminar suas áreas de alimentação.
Os voos humanos sobre seus territórios também causam incômodos, provocando mortalidade e diminuição do sucesso reprodutivo entre os pinguins. A indústria pesqueira e os derramamentos de petróleo também têm impactos negativos sobre suas populações.
Por último, espécies exóticas invasoras podem causar certos danos, embora no momento não pareçam muito graves.
O pinguim-rei é uma magnífica ave do oceano. Embora seu estado se mantenha favorável, muitas outras espécies, como o pinguim-de-olho-amarelo e Eudyptes moseleyi, estão ameaçadas de extinção. Esses animais são uma maravilha da evolução neste planeta. Portanto, eles ser conservados como parte de seu patrimônio natural.
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- BirdLife International. 2020. Aptenodytes patagonicus. The IUCN Red List of Threatened Species 2020: e.T22697748A184637776.
- https://www.nationalgeographic.com/animals/facts/king-penguin
- https://www.globalpenguinsociety.org/portfolio-species-1.html
- https://oceana.org/marine-life/seabirds/king-penguin
- Bost, C. A., Delord, K., Barbraud, C., Cotte, C., Péron, C., & Weimerskirch, H. 2013. The King Penguin: Life History, current status and priority conservation actions. In: Penguins Book. University of Washington Press, Washington.
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