6 curiosidades sobre morcegos
Escrito e verificado por o veterinário Daniel Aguilar
Habitando quase todas as regiões do planeta, existe uma ordem de animais considerada por muitos como perigosa e ameaçadora: estamos falando dos morcegos. Apesar de sua fama, são animais muito peculiares que realizam inúmeras ações em benefício da população humana. Você quer conhecer algumas curiosidades sobre os morcegos?
Em primeiro lugar, deve-se notar que todos os morcegos pertencem à mesma ordem (Chiroptera), que inclui mais de 1000 espécies. Tamanha é sua diversidade que, embora não pareça, eles representam 20% de todas as espécies de mamíferos que habitam a Terra. Se você quiser saber mais sobre eles, continue lendo.
1. Os morcegos são mamíferos?
Embora pareça difícil de acreditar, a resposta é sim. Como já dissemos, os quirópteros, mais conhecidos como morcegos, são os únicos mamíferos com capacidade de voar por si mesmos, devido à sua interessante anatomia.
Seus membros dianteiros têm falanges muito longas, mais longas do que o próprio braço. Essas estruturas alongadas estão unidas por uma membrana, o que lhes dá uma aparência semelhante a um par de asas.
Em nível taxonômico, os morcegos são o segundo grupo mais diverso de mamíferos do planeta, perdendo apenas para os roedores. Embora muitas pessoas se refiram aos quirópteros como “roedores de asas”, deve-se notar que sua anatomia, biologia e as funções que desempenham nos ecossistemas são muito diferentes.
Os morcegos são vertebrados muito diversos, mas todos têm uma estrutura óssea composta por um crânio, uma coluna vertebral e os demais ossos. Existem inúmeras diferenças na fisionomia facial entre as espécies e, além disso, a coloração do corpo e dos pelos pode variar em diferentes tons – laranja, preto, cinza, avermelhado e marrom, entre outros.
2. Como e onde e vivem os morcegos?
Outra curiosidade sobre os morcegos é que podemos encontrá-los em quase todos os lugares, com exceção de algumas ilhas e zonas polares, ou outros locais de clima extremamente frio e inclemente.
Seus territórios favoritos são aqueles com climas tropicais e úmidos, áreas onde podem encontrar um espaço para se refugiar e se proteger de outros predadores. Suas áreas favoritas são cavernas e estruturas abandonadas, seja em áreas naturais ou dentro da cidade.
Por outro lado, deve-se notar que os morcegos são animais de sangue quente. Isso significa que eles têm a capacidade de ter um pequeno controle na regulação da temperatura corporal, o que lhes permite controlar o metabolismo energético sem depender de fontes externas de calor.
Sua temperatura corporal varia de 35 a 39 graus Celsius. Algumas espécies que vivem em zonas temperadas têm a particularidade de entrar em um processo de letargia, durante o qual diminuem o gasto energético e o consumo de alimentos. Esse período pode ser breve, durante uma noite, por exemplo, ou se estender sazonalmente.
Os morcegos normalmente vivem em grupos chamados colônias, onde podemos encontrar desde alguns parentes juntos até milhares deles reunidos.
3. Curiosidades sobre os morcegos: são os reis da noite
Apesar de terem olhos relativamente pequenos – e ao contrário do que muitas pessoas pensam – os morcegos não são cegos. Essa é uma percepção equivocada que já faz parte da cultura popular.
Com exceção dos megaquirópteros – morcegos grandes -, todos os outros morcegos usam um sistema de ecolocalização, que lhes permite se orientar durante o voo e se movimentar à noite em busca de alimento.
Esse sistema consiste na emissão de sons de alta frequência, que colidem com objetos e são refletidos na forma de ecos captados pelos seus ouvidos.
Algumas espécies possuem orelhas em formato de funil, o que torna sua audição uma ferramenta perfeita para captar esses ultrassons, cujas frequências variam de 100 kilohertz (kHz). A percepção humana não ultrapassa 20 kHz, então você pode imaginar a diferença.
Graças a isso, os morcegos conseguiram conquistar os céus, pois são capazes de realizar as mesmas atividades que qualquer ave, mas durante a noite. Nesse período do dia, a probabilidade de se tornarem presas diminui.
Alguns morcegos podem percorrer distâncias de até 50 quilômetros em busca de alimento. Apesar de possuir esse sofisticado sistema de ecolocalização, os pesquisadores observaram que seu alcance funciona melhor em distâncias curtas, entre 20 e 50 metros, por isso eles podem colidir em certas ocasiões.
4. O desenvolvimento de bebês morcegos
O número de partos de uma morcego fêmea é de 1 a 2 por ano, dependendo do clima e da região onde se encontra a espécie analisada. Em todo caso, a temporada de reprodução tende a coincidir com a época de maior disponibilidade de alimentos.
Assim como acontece com outros mamíferos, os quirópteros se desenvolvem dentro da mãe e se alimentam da placenta. O período de gestação varia entre as espécies – entre 1 e 8 meses – mas pode ser mais longo nas espécies maiores.
As fêmeas geralmente têm um filhote ao nascer, mas raramente podem dar à luz gêmeos e trigêmeos. Desde o nascimento, uma relação estreita se estabelece entre mães e filhos, o que permite às fêmeas reconhecerem seus filhotes entre as centenas que convivem na colônia.
Os recém-nascidos desenvolvem dentes de leite especialmente projetados para segurar os seios de suas mães e amamentar até cerca da 10ª semana, quando ocorre o desmame.
Observou-se que as fêmeas desenvolvem comportamentos muito particulares. Por exemplo, quando saem do abrigo, uma ou algumas delas ficam para trás para cuidar dos filhotes de todas, quase como um viveiro de morcegos.
Se um bebê perde a mãe, outra fêmea o adota como se fosse seu e o cria até que ele possa se defender sozinho.
5. O que os morcegos comem?
Nem todos os morcegos se alimentam de sangue, pois apenas alguns são hematófagos. Mais de 3/4 de todas as espécies baseiam sua dieta em insetos, pequenos invertebrados, frutas, néctar e carne.
A anatomia facial pode nos dizer o tipo do morcego: dentes caninos afiados e cortantes para aqueles que consomem sangue; mandíbulas fortes e proeminentes para os insetívoros ou carnívoros; e um rosto alongado para nectarívoros.
6. A última das curiosidades sobre os morcegos: eles são importantes para os humanos?
Os morcegos são essenciais para o bem-estar humano, por mais surpreendente que possa parecer. Aqui estão apenas algumas das muitas atividades que eles realizam em favor dos ecossistemas:
- Junto com as abelhas, eles são os polinizadores por excelência: frugívoros e nectarívoros dispersam pólen e sementes de plantas, contribuindo para o aumento da flora local.
- Os morcegos reduzem a população de pragas: um morcego insetívoro pode comer o equivalente à metade de seu peso em uma única noite, então pode-se dizer que essas espécies mantêm sob controle populações de invertebrados com potencial de praga.
- A saliva dos morcegos hematófagos contém uma glicoproteína chamada draculina, composta por 411 aminoácidos, que foi estudada por ter propriedades anticoagulantes. Tem sido feitas pesquisas para que ela possa ser usada no tratamento de doenças circulatórias e acidentes vasculares cerebrais.
- O excremento dos quirópteros, conhecido como guano, é utilizado na agricultura como um fertilizante excelente e muito completo. Possui propriedades fungicidas e nematocidas, além de possuir fungos e bactérias que favorecem o crescimento das plantas e a regeneração do solo.
Todos os animais selvagens realizam várias ações para manter os ecossistemas em equilíbrio. Sem dúvida, as curiosidades citadas sobre os morcegos nos mostram que eles são parte fundamental de qualquer ambiente. Sem eles, esse equilíbrio seria perdido e a fauna global estaria em grave perigo.
Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.
Hernández A. Murciélagos sombras voladoras nocturnas. 1ª Edición. Veracruz 2015. Disponible en: https://www.sev.gob.mx/servicios/publicaciones/serie_paradocencia/Murcielagos.pdf
Zárate D. Díaz S. López R. Importancia ecológica de los murciélagos. México 2012. Pág. 19-27. Disponible en: http://www2.izt.uam.mx/newpage/contactos/revista/85/pdfs/murcielagos.pdf
Ramírez B. Biología de los murciélagos hematófagos. México. Ciencia Veterinaria. Vol. 1. Disponible en: https://fmvz.unam.mx/fmvz/cienciavet/revistas/CVvol1/CV1v1c04.pdf
Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.