Cobra-rateira: habitat e características
Escrito e verificado por a bióloga Raquel Rubio Sotos
A cobra-rateira (Malpolon monspessulanus) é um réptil da família Lamprophiidae. É a maior cobra da Península Ibérica e apresenta uma ampla distribuição, sendo também encontrada em áreas próximas a povoações humanas.
Sua proximidade de casas e a má fama que possui (já que às vezes ataca aves domésticas) fazem com que a espécie que vamos apresentar aqui seja atacada e perseguida. Mesmo assim, é a cobra terrestre mais abundante da Espanha e uma das poucas, junto com a cobra-de-capuz (Macroprotodon cucullatus), venenosas da península.
Habitat da cobra-rateira
Essa espécie tem uma distribuição perimediterrânea, pois é encontrada em toda a Península Ibérica, no norte da África, no sudeste da França e no noroeste da Itália. Na Península Ibérica, a precipitação média anual dos seus habitats varia de 170 a 200 milímetros cúbicos e as temperaturas médias anuais situam-se entre 10º C e 18,5º C.
A cobra-rateira não aparece em áreas com mais de 90 dias de geadas por ano ou que apresentem temperaturas médias inferiores a 22º C em julho. Ela prefere cerrados com cobertura média ou baixa e espaços abertos, sendo comuns em campos de cultivo, pastagens e até dunas.
Esse réptil também costuma estar localizado em áreas próximas a assentamentos humanos, sejam estradas, jardins ou paredes. Em termos de altitude, fica entre o nível do mar e 2160 metros em Sierra Nevada. Quanto mais ao norte estão suas populações, mais baixos são os ecossistemas que habitam.
Características da cobra-rateira
A cobra-rateira é a maior da Península Ibérica e da Europa, pois atinge tamanhos de 2 metros de comprimento, embora exemplares de 2,5 metros tenham sido encontrados ocasionalmente. As fêmeas são menores e não costumam ultrapassar 1,5 metros.
Uma das características mais representativas da cobra-rateira é encontrada em sua cabeça. Acima dos olhos, possui escamas pré-oculares proeminentes que se parecem com sobrancelhas, o que dá a essa cobra uma aparência única.
Sua cauda é longa e fina, e a cor dos machos adultos é uniforme e varia entre cinza-claro, verde-oliva ou marrom. A área ventral é amarelada. Em jovens e fêmeas o desenho é mais variado nas cores, visto que apresentam tonalidades de preto, branco, cinza e marrom. Essa coloração permite uma maior camuflagem.
Caráter e comportamento
As cobras-rateiras são diurnas e apresentam altas temperaturas corporais. O período de atividade geralmente vai de março a novembro, mas devido ao aumento das temperaturas causado pelas mudanças climáticas, os horários em que essas cobras podem ser vistas estão aumentando.
O pico de atividade diária geralmente varia das 4 da tarde às 8 da noite. Essas cobras podem percorrer distâncias de cerca de 42 metros por dia e os machos são territoriais.
Por outro lado, são cobras calmas que se mostram mais agressivas na época de reprodução ou diante de perigos. No caso de se sentirem atacadas e acuadas, elas se levantam e emitem um silvo alto para intimidar seus agressores. Essa cobra pica se for apanhada e o ferimento que causa é doloroso, devido à inoculação do veneno.
Veneno da cobra-rateira
A cobra-rateira tem uma dentição opistóglifa. Essa conformação dentária se caracteriza por ter dois caninos na extremidade da mandíbula unidos às glândulas de veneno. Para inocular as toxinas, essas cobras precisam morder sua presa com força e mantê-la aprisionada.
O veneno dessa espécie é neurotóxico e geralmente tem efeito analgésico, manifestando-se com sintomas como alteração da consciência e espasmos musculares, entre outros. Sua picada não tem importância clínica (exceto para reações adversas), pois não possui veneno altamente tóxico.
As picadas de cobras-rateiras em humanos são muito raras, pois para que ocorra o envenenamento é necessário que a cobra pegue a pessoa e faça movimentos de engolir para inocular as toxinas. No caso de uma picada, os efeitos são geralmente locais e aparecem nas primeiras 6 horas.
Alimentação da cobra-rateira
São cobras consideradas eurífagas ou pouco seletivas na hora de selecionar suas presas (dentro de sua condição de carnívoras), portanto apresentam uma grande variedade de vítimas. A cobra-rateira se alimenta principalmente de répteis, aves e mamíferos.
Essas cobras não selecionam seu alimento, pois simplesmente consomem o que é abundante o tempo todo. Os répteis costumam ser suas presas principais, especificamente o sardão (Timon lepidus) e várias espécies de lagartixas.
As aves são o grupo menos capturado, já que as cobras-rateiras tendem a pegar filhotes dos ninhos antes de outras aves adultas. As presas mudam com o tamanho dos espécimes, já que os recém-nascidos se alimentam principalmente de insetos e os maiores são capazes de pegar coelhos.
Reprodução da cobra-rateira
As cobras-rateiras machos começam sua espermatogênese na primavera. Portanto, a estação de reprodução começa entre maio e junho. Os machos costumam brigar entre si e é comum vê-los agarrados formando uma bola.
A maturidade sexual ocorre mais cedo nos machos do que nas fêmeas, as quais costumam atingi-la aos 5 anos de idade e com um tamanho corporal superior ao dos machos.
A postura varia com o tamanho da fêmea e costuma oscilar entre 4 e 20 ovos, que são depositados em locais úmidos e ensolarados (tocas abandonadas, sob pedras, sob troncos ou entre a serapilheira) e geralmente eclodem no final de agosto.
Estado de conservação
De acordo com o Livro Vermelho das Espécies, a cobra-rateira é considerada “Pouco Preocupante”, mas enfrenta vários perigos. Um dos principais são os atropelamentos quando a cobra toma banho de sol nas estradas, além da perseguição direta pelo homem.
A fragmentação do habitat e o acúmulo de pesticidas e inseticidas nos tecidos e ovos também têm graves consequências em longo prazo para essa espécie. Além disso, por apresentarem maturidade sexual tardia, muitas fêmeas não chegam aos 5 anos de idade. Portanto, o número de exemplares reprodutivos tende a diminuir com o tempo.
É preciso lembrar a importância da cobra-rateira nos ecossistemas, tanto como controladora natural de pragas, quanto nas cadeias tróficas, por ser alimento de múltiplas espécies. Preservá-la não é apenas uma questão de moralidade, mas de responsabilidade com o meio ambiente que nos rodeia.
Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.
Monrós, J. S. (1997). El dominio vital y algunos aspectos de la ecología de la culebra bastarda Malpolon monspessulanus en los naranjales (Doctoral dissertation, Universitat de València).
Información obtenida el día 31/07/2021 en la web: https://www.miteco.gob.es/es/biodiversidad/temas/inventarios-nacionales/0904712280003d40_tcm30-98960.pdf
Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.