Logo image
Logo image

As lagartixas são venenosas?

4 minutos
As lagartixas são pequenos geconídeos muito fáceis de encontrar nas cidades. Ao contrário do que algumas pessoas podem pensar, elas são completamente inofensivas.
As lagartixas são venenosas?
Francisco Morata Carramolino

Escrito e verificado por o biólogo Francisco Morata Carramolino

Última atualização: 21 dezembro, 2022

As lagartixas podem ser comumente encontradas em ambientes urbanos, especialmente durante as noites quentes de verão. Como acontece com muitos outros animais, essa proximidade com os humanos gerou toda uma série de mitos e ideias falsas sobre as lagartixas, como a crença de que elas são venenosas.

Essas crenças, sem base na realidade, causam um sentimento de rejeição ou repulsa contra esses pequenos répteis. Apesar disso, as lagartixas não são capazes de causar nenhum dano às pessoas e, de fato, sua presença costuma ser bastante benéfica para os humanos. Se quiser saber mais, continue lendo.

Características das lagartixas

A osga-comum (Tarentola mauritanica) é uma das duas lagartixas que habitam a Península Ibérica. A outra é a osga-turca (Hemidactylus turcicus), semelhante à primeira, mas não tão frequente.

A osga-comum pode atingir 19 centímetros da cabeça à cauda, embora a maioria dos indivíduos seja menor. Todo o seu corpo é achatado dorsoventralmente e coberto por pequenas escamas. Além disso, possui fileiras de tubérculos maiores em toda a superfície dorsal.

A coloração é variável e apresenta tons acinzentados, castanhos, enegrecidos ou creme. A tonalidade geral costuma ser mais escura durante o dia e mais clara à noite. Por outro lado, o ventre é muito pálido, quase translúcido.

Esses animais têm uma cabeça larga com dois olhos proeminentes com pupilas verticais. Os cinco dedos de cada pata têm comprimento semelhante. São achatados e alargados na ponta, com estruturas adesivas que permitem ao animal subir em uma infinidade de superfícies.

 

Some figure

A cauda tem quase o mesmo comprimento do corpo. As lagartixas podem se desprender dela por meio de um mecanismo chamado autotomia, para escapar de predadores. A cauda volta a crescer depois de um tempo, mas nunca recupera sua aparência original. Além disso, o animal fica mais vulnerável durante esse período.

Em relação ao seu habitat, esses pequenos répteis são antropofílicos. Embora também habitem ambientes naturais, preferem paisagens modificadas pela presença urbana, com paredes, muros ou fachadas. Elas ficam ativas durante todo o dia, mas têm um momento de pico significativo em que forrageiam à noite.

As lagartixas são venenosas?

Não, as lagartixas não são venenosas. Existem algumas espécies de lagartos que possuem veneno, mas todos pertencem ao clado Toxicofera. Em contrapartida, as lagartixas são geconídeos e não produzem quaisquer substâncias nocivas.

Além disso, esses répteis não são agressivos. Diante de qualquer ameaça, sua primeira reação é fugir e se esconder em uma fenda ou sob uma pedra.

Mesmo que um desses répteis conseguisse morder uma pessoa, é válido destacar que as lagartixas têm muito pouca força na mandíbula e seus dentes são muito pequenos. Uma mordida desses animais não é capaz de rasgar a pele humana.

Por outro lado, uma lagartixa só tentará morder se for capturada, para se defender. Isso não deve ser feito, pois estressa o animal e pode causar muitos danos.

Mitos e realidades

Existem muitos outros mitos sobre esses animais. Há quem afirme que são capazes de cuspir e deixar seu alvo cego ou careca. Especula-se também que eles podem entrar pelos orifícios do corpo e comer os órgãos por dentro ou que têm propriedades curativas. Naturalmente, nenhuma dessas afirmações é verdadeira.

As lagartixas são completamente inofensivas para os humanos. Mas não só isso, pois também são muito benéficas. Esses geconídeos urbanos são predadores vorazes de invertebrados de todos os tipos.

Sua dieta inclui baratas, aranhas, formigas, mosquitos, moscas, traças e muitos outros artrópodes. Portanto, as lagartixas são aliadas muito importantes, visto que mantêm afastadas as populações de insetos que podem entrar nas residências.

Como agir se houver uma lagartixa em sua casa?

As lagartixas vivem nas proximidades ou sobre as casas. Portanto, é normal que algumas acabem entrando sorrateiramente por uma janela ou porta. Principalmente em regiões quentes, isso é muito comum.

Como já foi estabelecido, as lagartixas não são venenosas, não causam nenhum mal e se alimentam de invertebrados. Além disso, são muito discretas e silenciosas. A presença delas em casa pode ser favorável, então, se você encontrar uma lagartixa, uma opção é simplesmente deixá-la onde ela estiver.

Se você quiser expulsar o réptil da sua casa por qualquer outro motivo, basta deixar uma janela aberta por perto. A lagartixa vai acabar saindo à procura de comida quando não estiver se sentindo ameaçada.

Outra opção é expulsá-la manualmente, embora seja menos recomendado pois o animal pode acabar se ferindo. Se você optar por essa alternativa, deve sempre agir com calma e extremo cuidado. A cauda da lagartixa nunca deve ser tocada. Também não é recomendável apertar sua barriga, que é muito macia, pois pode danificar os órgãos internos.

Uma jarra pode ser usada para pegar e transportar o animal. Uma vez fora de casa, é altamente recomendável soltá-lo perto de uma fenda ou buraco onde possa se refugiar.

 

Some figure

Como conclusão, é importante lembrar que esses pequenos répteis são extremamente inofensivos. Eles nunca tentam atacar um ser humano, alimentam-se de insetos e alegram as noites de verão correndo pelas paredes. Como acontece com qualquer outro ser vivo, devemos tentar compreender e respeitar as lagartixas.


Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.


  • Salvador, A. 2016. Salamanquesa común – Tarentola mauritanica. En: Enciclopedia Virtual de los Vertebrados Españoles. Salvador, A., Marco, A. (Eds.). Museo Nacional de Ciencias Naturales, Madrid. http://www.vertebradosibericos.org/

  • Fry, B. G., Vidal, N., Norman, J. A., Vonk, F. J., Scheib, H., Ramjan, S. R., … & Kochva, E. 2006. Early evolution of the venom system in lizards and snakes. Nature, 439: 584-588.
  • https://macroinstantes.blogspot.com/2010/01/salamanquesas-mitos-leyendas-y.html

Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.